Padre Antônio Vieira
A MUNDIVÊNCIA DE ANTÔNIO VIEIRA
Entre as figuras maiores do pensamento português do século XVII conta-se certamente Antônio Viera, com uma vasta obra que dele fez um moralista, um político e um filósofo da história, tudo coberto pelo manto omnipresente da arte retórica.
É de conhecimento geral que Antônio Vieira era um homem viajado, pelo
menos na acepção do termo no século XVII. Não só atravessou o Oceano sete vezes(!),
rumo ao Brasil, mas também visitou, em alguns casos até várias vezes, a Espanha, a
França, a Itália e a Holanda. Viveu alguns anos em Roma (de 1669 a 1675). Das suas
cartas pode deduzir-se que Vieira se adaptava, com relativa facilidade, às
circunstâncias locais e tinha um olhar observador, permitindo-lhe captar as
características das terras e dos povos que visitava.
Também não se lhe pode negar um vasto domínio de línguas; servia-se do latim com tanta
facilidade, se não mais, como do português, falava e escrevia o italiano com fluência,
e provavelmente dominava também o francês. No seu tempo, o domínio do espanhol era,
provavelmente, óbvio para todo aquele que tivesse beneficiado de formação superior. E,
por último, para poder realizar com êxito o seu trabalho como missionário no Brasil,
Vieira deve ter aprendido várias línguas nativas daquele país. Não só na sua vida,
mas também nas suas obras, o jesuíta refletia, de certo modo, características de
«homem viajado», embora este fato talvez passe facilmente despercebido ao leitor médio.
Nos seus escritos notam-se indícios de uma ampla cultura, que revela influências
européias. Não se quer, com isto, dizer que Vieira era, no seu tempo, um modernista.
Pelo contrário, a sua visão do mundo, as suas convicções religiosas e o seu
raciocínio, com freqüência escolástico, deixam transparecer uma clara marca do
período medieval. As suas idéias sobre o que hoje em dia se chamaria «direitos
humanos», essas sim, eram modernas: o seu discurso corajoso e o seu empenho ativo pelos
judeus e índios, dois grupos que eram, naquele tempo, praticamente desterrados e que não
podiam contar com a proteção de ninguém. Revigorantes e originais são também os
métodos pouco ortodoxos dos quais Vieira fez uso para defender causas políticas ou
religiosas - a maior parte das vezes político-religiosas - que ele prezava.
Texto condensado a partir do original de Frits Smulders
Como moralista, sublinhou as virtudes do estoicismo, sobretudo de Séneca a quem seguiu de perto, servindo-lhe o filósofo estóico como padrão de aferição do desconcerto do seu mundo, a que tantas vezes se referiu com as metáforas do jogo, da loucura e do sonho,
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