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Padre Antônio Vieira

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A sua saúde que, desde a meninice, é frágil, agrava-se. Com permanentes acessos de febre, olhado indiferentemente pela corte do regente D. Pedro, Vieira parte em busca de melhor clima, o do Brasil, em Janeiro de 1681.

Aproveitara o tempo em Lisboa para compilar e ultimar os Sermões, cujo primeiro volume sai em 1679.

A sua vida está na reta final. Tem 74 anos. Vive na Baía.

O Papa Inocêncio XI revoga o breve do seu antecessor. Em Portugal, a Inquisição levanta contra ele toda a espécie de calúnias. O velho jesuíta pode cair, de novo, na sua alçada. No pátio da Universidade de Coimbra queimam-no em efígie com sanha insensata.

No Brasil, atacam-no através de acusações ao irmão Bernardo, então secretário de estado da Baía - opusera-se este às arbitrariedades do novo governador. Vieira intercede em defesa do familiar, é insultado e expulso violentamente do palácio do governador. A fibra de Vieira não esmorecerá e três anos depois o irmão é inocentado.

Aos 80 anos, doente, enfraquecido pelas constantes sangrias a que é submetido, o Geral da Companhia nomeia-o Visitador Geral do Brasil.

Aí está de novo o estóico padre " na estrada" e nas montanhas, a pé pelas serranias e selvas na sua tarefa de evangelização. Mas, em Maio de 1691, as forças abandonam-no e resigna ao cargo.

Poucos dias antes de morrer, o Pe. Antônio Vieira alimentava ainda a preocupação obsessiva de concluir uma das suas obras ainda desconhecida do mundo. Começara a meditar nela havia mais de cinqüenta anos. Compulsara toda a Bíblia, particularmente os livros proféticos, os Salmos e o Cântico dos Cânticos, onde fora recolhendo elementos para arquitetar esse grandioso edifício, com que pensava encerrar, qual fecho de abóbada, a sua visão do mundo e da História, a sua reflexão sobre o sentido da ação missionária da Igreja. A esta obra chamou Vieira Clavis Prophetarum (Chave dos Profetas), e em Português chama-lhe Quinto Império ou Império Consumado de Cristo.

A debilidade, a falta de dentes, a surdez, mais tarde a perda de visão impedem-no de pregar. Pode, finalmente, morrer em paz, pensa. Não.

Ainda vai ser incriminado por, na Baía, ter tentado influenciar a votação do procurador da Ordem e por se opor a nova legislação dos índios, uma vez mais contra estes. Retiram-lhe a voz ativa e passiva. Insurge-se. Apela ao Geral da Companhia, em Roma, pedindo-lhe que reveja o seu processo.

Vai ganhar mais esta batalha. A 17 de Dezembro de 1697 o Geral dos Jesuítas declara nula e sem valor a resolução que o privara de voz.

Mas Antônio Vieira já não está entre os vivos. A 18 de Julho daquele ano, pela uma da madrugada, desencarna o que foi e é o maior prosador da língua portuguesa, aquele que, um dia, dissera, desalentado: "não me temo de Castela, temo-me desta canalha".

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