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Padre Antônio Vieira

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NO ROSTO,  ESPELHO DA ALMA,  A SERENIDADE DO INTERIOR

Em Portugal, Vieira pregou pela primeira vez na Capela Real, no ano de 1642. Conquistava as platéias e virou moda ir ouvi-lo em Lisboa, pois "erudição vasta, magnetismo pessoal, talento de atrair e dominar, tudo fazia dele um orador raro e triunfador". O rei e a corte, aos quais Vieira também não poupava em suas críticas, iam ouvir seus sermões que atraiam maior público que o das comédias.

"Pregar há de ser como quem semeia, e não com quem ladrilha ou azuleja. Ordenado, mas como as estrelas... todas as estrelas estão por sua ordem, mas é ordem que faz influência" querendo dizer ele com isso que, mais que uma bela oratória, tão em voga naquele tempo, era preciso que o pregador influenciasse para valer os ouvintes.

A palavra foi sua arma permanente e seus sermões "matematicamente construídos" em padrões exatos de simetria, perfeito equilíbrio e repetições constantes, constituíam peças excepcionais nas quais, forma, eloqüência e psicologia eram sinônimos.

As pregações e os sermões ao longo do século XVII, atingiram uma "enorme importância social. Numa época em que os meios de comunicação eram tão escassos e a imprensa periódica dava seus primeiros passos, o sermão substituía todos os meios de propagação do pensamento... era quase o único meio de publicidade da época, e o de mais seguros resultados para defesa das posições políticas, para a propaganda dos partidos, para o ataque aos adversários".Importância extraordinária obtiveram os sermões vieirenses na conturbada Lisboa seiscentista. Não só através dos púlpitos das Igrejas, mas a depender do sucesso, quando eram impressos, atingiam a parcela da população que não freqüentava os templos.Para adequar-se ao perfil ideal do pregador, tão útil e necessário então, o noviço Jesuíta tinha que submeter-se diariamente a "exercícios de memória com textos decorados do Antigo e Novo Testamento; e os de declamação que na língua da Companhia se denominavam repetição de tons, para as inflexões do púlpito. Instruções sobre o porte, sobre o andar, o riso, a voz, a posição das mãos, a direção do olhar, o modo de compor as vestes. Os lábios não devem estar retraídos nem em demasia abertos. Evite-se o franzir da testa ou do nariz, pois cumpre-se, leia-se no rosto , espelho da alma, a serenidade do interior".

A Companhia de Jesus, no século XVII estava no seu momento de maior poder, influência e consolidação no mundo, sendo a mais política de todas as ordens religiosas.Não obstante o espírito Inaciano, que em detrimento do patriotismo, sugeria a idéia de um sentimento de solidariedade universal entre os seus religiosos, os Jesuítas em Portugal, sobretudo o Padre Vieira, assumiram abertamente o nacionalismo. João Francisco Lisboa, um dos seus biógrafos, diz até que Vieira foi sempre "mais português que Jesuíta, mais amigo da pátria, da corte e dos grandes que da sua Ordem".Empenhando-se de corpo e alma nas questões da política portuguesa, mais tarde, esta mesma política que o celebrizou, contribuiu também decisivamente para seu declínio.

Vieira atuou em inúmeras missões diplomáticas, influenciando permanentemente nas decisões reais, elaborando propostas e sugerindo medidas, inclusive econômicas, para a Restauração de Portugal do domínio dos espanhóis depois de 1640.

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