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Uma vida abençoada

Maria Cottas

Quem teve o privilégio de viver 93 anos teve uma existência abençoada, principalmente se a sua vida foi pontilhada de boas obras, dedicação ao ensino e à infância.

Esposa de um saudoso professor e jornalista, foi sua companheira dedicada e depois da partida dele viveu recordando as suas qualidades e feitos, memoriando toda a sua vida passada, recortando e colecionando tudo que dizia respeito ao seu querido professor.

Estou me referindo à venerada professora D. Lavínia Escragnolle Dória, esposa do educador, historiador e jornalista dr. Luiz Gastão d’Escragnolle Dória, professor emérito do Colégio Pedro II e uma das figuras de maior projeção de sua época no magistério do país, autor de valiosos trabalhos literários e didáticos.

Destacou-se ainda o professor Escragnolle Dória pelo seu espírito humanitário, tendo concorrido para a educação e instrução de muitos jovens desprotegidos da fortuna e aos quais ajudava quando podia.

Ele foi, na verdade, um expoente da literatura brasileira, que estudou sob todos os aspectos, sempre com brilhantismo e vivacidade.

Foi, enfim, indiscutivelmente um grande mestre, pois, além de sólida e variada cultura patenteada e aplaudida por gente culta e honesta, soube portar-se no lar e nas suas funções públicas de professor com louvável dignidade de atitudes.

Os jornais de 15 de janeiro de 1948 referiram-se ao seu falecimento com muito pesar e palavras elogiosas, cujos recortes sua esposa guardava carinhosa e pacientemente catalogados num álbum, que chegou às minhas mãos e que tive ocasião de apreciar, com emoção e saudade.

D. Lavínia, sua dedicada e venerada esposa, que há poucos dias deixou o mundo, de toda a vida de seu ilustre marido se recordava e repetia suas passagens quando a visitavam.

Ele viveu 79 anos, ela, 93. Não sei qual dos dois foi mais feliz, se ele ao partir aos 79 anos, se ela, aos 93, porque os últimos anos de sua vida, embora tivesse o carinho de um ex-aluno, que foi para ela um dedicado e extremoso filho, cercando-a de todos os cuidados, não lhe deixando faltar nada, não impediu que ela sofresse a saudade do seu querido companheiro.

Falar sobre ele é a maior homenagem que se lhe pode prestar, e ela, partindo, agora, tendo vivido 22 anos ainda sem ele, deve estar feliz, porque sem dúvida foi ao seu encontro.

Felizes daqueles que partem deste mundo deixando boas recordações e excelentes exemplos, como esse feliz casal.

Do livro Crônicas oportunas


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