Transformando...
Heloísa Ferreira da Costa
O acaso não existe, bem o sabemos, muito menos destino, carma, sina ou provação. O que existe é a força latente em todo ser humano a transformar-se, pessoal e materialmente. A vida é sempre apresentada em uma série de situações e temos o péssimo hábito de julgar uma notícia ou acontecimento sem termos a visão ampla das conseqüências; é preciso saber esperar, e saber também modificar o mal em Bem.
Vamos a exemplos práticos para melhor compreendermos: existem basicamente duas posturas de vida, os otimistas e os pessimistas, ou aqueles que sempre vêem o mal acima de tudo e os eternos Pollyanas – livro que lemos na adolescência, cheio de uma imensa sabedoria: a garota título transformava tudo de ruim que lhe acontecia em coisas boas. Não há necessidade de exageros, mas é preciso encarar a vida sem ilusões de um reino encantado, mas sim o que é na realidade, um eterno cumprir deveres, deveres esses assumidos em nosso mundo de luz antes mesmo desse eu que conhecemos, físico, reflexo de um espelho, mas não nosso eu profundo, interior e anterior à nossa atual identidade.
Assistindo a um documentário sobre o ator norte-americano Christopher Reeve, que fez o papel de super-homem no cinema, percebemos como isso é possível, mesmo diante de uma grande adversidade, através da exposição de sua situação que, após uma queda de cavalo, ficou tetraplégico, situação em que só há movimento da cabeça e ele necessita até de um respirador artificial para viver. Este que agora, sim, é considerado um super-homem na plena essência da palavra nos dá exemplos da sua alegria de viver, de lutar, de produzir sempre mais, de buscar soluções e nunca se entregar ao desânimo, num determinado momento comenta inclusive a sua inveja à simples observação de alguém levantando-se de uma cadeira. E quantos de nós vivem a reclamar de coisas miúdas, problemas que fazem parte da vida e que estão aí para serem resolvidos, e que, quando assim estiverem, outros surgirão, porque este é o propósito da vida.
Após assistir ao programa, senti até um certo constrangimento de mim mesma, de por vezes olhar com olhos sombrios para situações banais e solucionáveis de minha vida.
Se tudo tem uma razão de ser e um tempo para acontecer, para que tanta ansiedade em resolver tudo e para que nos torturarmos com coisas que independem de nós, mas que olhadas de um prisma futuro trará a resposta? Sentimo-nos, às vezes, desesperados com atitudes de pessoas, envolvidos em um redemoinho de emoções com situações imprevistas que vêm ao nosso eu irascível e descontrolado, mas quando tudo estiver sendo analisado em retrospectiva nos mostrará a razão do acontecido e o benefício extraído.
Aprender a transformar, é isto que precisamos aperfeiçoar em nós, transformar o ruim em bom, um exame médico alterado em uma condição física melhor, uma seqüência interminável de viagens em novos conhecimentos e relacionamentos, uma mágoa profunda de alguém muito querido em um vasto estudo sobre as características da personalidade humana, e assim sucessivamente.
Tudo tem um lado bom, mesmo o maior drama traz intrínseca uma nova experiência e um vôo mais alto ao infinito e além.
Se há no plano Terra menos alegria do que sofrimentos, é que pelo sofrimento se tem o instrumento por excelência para o progresso espiritual. É com a dor física e moral que formamos a experiência da vida e com ela se acentua a nossa moralidade.
Aprendamos, então, a valorizar as pequenas coisas colhidas ao passarmos, já que no fim tudo acabará mesmo em despedida, e sabedoria e evolução serão a nossa recompensa.
A autora é militante da Filial de Marília, SP
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