Ao amigo de todas as horas: o tempo
Carlos Eduardo B. Marconi
Amigo, ingrato às vezes, sábio sempre, feliz por alguns momentos e triste bem menos. Aqui me encontro em sua companhia, em sua parcimônia e segurança de quem sempre sabe o que faz. Não sei se saberia viver, ou melhor, morrer, como diz uma frase enaltecida no jargão popular: "Viver é morrer a cada dia!"; mas aprendemos a conviver com a morte, aprendemos a nos preparar para essa passagem, esse encontro com as nossas origens e a verdadeira vida, pois lá não existe este companheiro, não existe este amigo, lá o tempo não existe.
Saber viver, aproveitar cada segundo de maneira racional, de maneira a não abusar das parcas vinte e quatro horas que fazem um montante de rugas e um somatório de experiências e sabedoria. Sabedoria, outra palavra utilizada erroneamente, pois somos ignorantes de tudo, ou melhor, de quase tudo, não nos menosprezando, mas, acho que estaria cometendo outro erro supondo que nós, criaturas ínfimas, engatinhando em direção ao Cosmos, pudéssemos estar cheios de soberba pretensão.
Defeitos infinitos devemos combater, lutar para sair deste plano um pouco melhores do que quando chegamos. É uma tarefa árdua, porém muito pequena em relação ao que podemos progredir enquanto aqui estivermos.
Este planeta é cheio de imperfeições em sua máxima perfeição, imperfeições estas do próprio ser encarnado que aqui se encontra, e perfeição suprema na própria constituição planetária de sua natureza, harmonia das leis naturais e imutáveis. E nós, cientes dessa pequena parcela de conhecimento que nos é permitido, sabemos que a estas mesmas leis todos estão sujeitos.
Tempo nunca ingrato, sempre amigo, tão veloz que a sua representação em relação ao Cosmos é como se fosse a milionésima parte de um segundo; e nós ainda reclamamos deste amigo? Com os olhos da matéria e sob a influência que ela tem sobre nós, deixando-nos cegos, embrutecidos, não vemos a verdadeira vida. Mas temos que lutar para não enchafurdarmos tanto nesse lamaçal de embriaguez carnal e levantar a cabeça para respirar e ver que não é só isto que está a nossa frente, e que o mais importante não é o que sentimos, ouvimos, é algo além disso, é o que não se percebe, o que não se vê, sobre isto podemos dizer: realmente é o verdadeiro, o eterno, pois a vida terrena é ilusória, falsa em sua aparência, mas necessária e indispensável para se encurtar a caminhada.
Assim, chegamos a uma conclusão, amigo tempo: és o mais necessário entre todas as coisas que existem e nos cercam neste plano, nesta vida. Não és carrasco, és mestre, és verdadeiro amigo que nos mostra o caminho. Porém a nós cabem as escolhas, certas ou não.
Obrigado, meu irmão e companheiro, obrigado por esta oportunidade de utilizar este tempo para agradecer a ti pelo tempo concedido, pelo tempo permitido, pelo tempo...
O autor é freqüentador da Filial de Marília, SP
Página Principal | Index | Biografias | Artigos | Notícias | Inaugurações | Diversos | Para meditar | Discursos históricos | Livros | Sala | RC Inglês | RC Imagens
Gazeta do Racionalismo Cristão - Um novo conceito do Universo e da Vida |