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O sofrimento

Martinho de Mello Andrade

O sofrimento é um meio pelo qual o espírito encarnado, pela lei do retorno, resgata os erros cometidos, tanto no passado como no presente, para a sua purificação e conseqüente ascensão ao seu mundo. Portanto, o sofrimento é um mal necessário para o espírito encarnado comprometido com erros cometidos, conscientes ou não, atendendo a que o sofrimento não é eterno, mas, sim, temporário: é um estado transitório bastante incômodo, mas inevitável, pelo qual o espírito encarnado terá de passar, sem olhar situações sociais ou financeiras, até a exaustão dos erros, ficando finalmente limpo e livre de qualquer mazela ou entusiasmo material, qual pepita desembaraçada da sua ganga, ficando ouro brilhante.

O sofrimento é qual crisol ou cadinho depurador, onde o espírito, através do seu vaso físico que construiu, purga pela dor e sofrimentos todos os seus erros.

O sofrimento, para além de humanizar a espécie humana, sacode-a da anestesia mórbida que dormita na consciência em estado de nirvana, alertando-a para despertar desse efeito narcótico, a fim de analisar com discernimento os males de que é detentor, posto que, já consciente deles, sofre com paciência e com conhecimento das causas de que sofre. Eis o valor do conhecimento das duas vidas: material e espiritual ¾ a primeira é o suporte da segunda, à semelhança da casca do ovo e do pinto. O pinto só precisava da casca como suporte temporário.

As imperfeições ou erros, uma vez cometidos, terão inapelavelmente de ser resgatados, pois que a condição natural do espírito é luz, como partícula do Universo que se respalda nas suas sábias leis: comuns, naturais e imutáveis.

Todo espírito encarnado veio do seu mundo de luz com uma função ou missão a cumprir, posto que deverá retornar a esse mundo de origem. Se fosse para ficar no planeta Terra, então seria desnecessária sua desencarnação. O planeta Terra é um mundo-escola transitório, onde não há lugar para espíritos desencarnados, visto que no transitório, como é óbvio, não cabe o permanente, como de igual modo no relativo não cabe o absoluto. Estes espíritos, logo após o desenlace, deverão guindar aos seus mundos de luz, assim evitando quedarem-se no planeta Terra, na prática do mal aos seus irmãos de essência ainda encarnados, e também retardando a sua própria evolução.

Muitas vezes o acervo de erros é tanto, que o espírito terá de reencarnar tantas vezes quantas forem necessárias, até ficar limpo, o que poderá ser em países, lugares e famílias diferentes.

Martinho de Mello Andrade é militante da Casa Racionalista de Mindelo, Cabo Verde.

 

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