Rico sem dinheiro
José Rodrigues da Silva
Muitos homens trabalham desesperadamente, numa avidez insaciável de adquirir fortunas e mais fortunas, como se estas fossem o principal objetivo da vida. Nunca se contentando com o que já alcançaram, vêem-se sempre obrigados a trabalhar afanosamente, até mesmo com prejuízo da saúde porque, para eles, o melhor da vida é ter muito dinheiro, ter muitos bens. Essa concepção, arraigada na mente de quem desconhece sua verdadeira missão terrena, leva-o a desprezar o desenvolvimento pleno de suas aptidões naturais, desenvolvimento esse tão indispensável ao fortalecimento do caráter.
Serão o dinheiro e os bens da Terra de valor superior a uma instrução e a uma educação integrais, sabendo que estas são altamente capazes de inundar a alma humana do mais benéfico transbordamento da vida? Riquíssimo patrimônio material, por si só, garantirá ao homem uma força espiritual tão extraordinária, a ponto de torná-la apta a chocar-se em luta ferrenha com qualquer resistência constituída pelas imperfeições existentes no mundo terreno? A vultosa posse de bens, que só pertencem a este mundo físico, é o bastante para o homem ter invejável saúde, com a qual fique em perfeitas condições de cumprir alegremente todas as suas obrigações?
O Racionalismo Cristão ensina o homem e a mulher a buscarem riquezas muito mais importantes para a vida humana. São riquezas ainda muito inexploradas, que só podem concorrer para o aumento cada vez maior do bem-estar da civilização terrena. São lições disseminadas nos salões de suas Casas denominadas Centro Redentor e, também, nas obras literárias editadas por essa grandiosa Doutrina. O estudioso do Racionalismo Cristão está sempre em busca de proveitosos conhecimentos, com o veemente desejo de, através do esforço inteligente, favorecer o aperfeiçoamento de seu modo de proceder em relação a si mesmo, em relação à família, em relação à sociedade.
Ao estudioso dessa simples a clara Doutrina, as riquezas morais e espirituais bastam para enchê-lo de energias físicas e de energias anímicas, indispensáveis ao trabalho honrado e ao estudo, as duas chaves do progresso material e da evolução espiritual. Para tal estudioso, as fortunas materiais são meros incidentes da vida terrena e, portanto, ele se torna superior a elas se as possuir, como, também, torna-se superior à pobreza, se apenas ganha o necessário à sobrevivência sua e dos familiares. Seus honrados concidadãos vêem nele um audaz adversário da expressão materialista "Deus me dê fortuna, porque, sem ela, de nada me vale o saber". Deste modo, não é ele dominado pela riqueza nem pela pobreza, vendo no trabalho a no estudo a importância capital da sua vida.
Muito rico é o homem que, sem se importar com aquisição de fortuna no exercício profissional da medicina, sente imenso prazer de tudo fazer ao seu alcance pelo restabelecimento da saúde de seu paciente e, assim, reconduzi-lo às normais atividades da vida; muito rico é o homem cuja existência terrena, mesmo de poucos recursos, está fora de uma atmosfera de ódio, de calúnia, de maledicência, preferindo ele estar sempre nivelado aos grandes vultos da verdadeira fraternidade; riquíssimo é o homem que, mesmo tendo parcos salários como recursos de sobrevivência sua e da família, mantém incorruptível o seu caráter e tem sempre a alma cheia de bons sentimentos em favor do próximo.
A verdadeira riqueza está nos quilates do espírito e só é alcançada com o cultivo das qualidades morais, que levam o homem a lutar sem reclamar sacrifícios, certo de que o vocábulo sofrimento é uma ficção para a sua alma imperturbável nas pelejas cotidianas. Não resultando do acaso, a vida humana está moral e espiritualmente regulada de tal modo que no próprio homem reside a causa de tudo quanto superioriza ou inferioriza a sua vida.
Página Principal | Index | Biografias | Artigos | Notícias | Inaugurações | Diversos | Para meditar | Discursos históricos | Livros | Sala | RC Inglês | RC Imagens
Gazeta do Racionalismo Cristão - Um novo conceito do Universo e da Vida |