Religião versus espiritualismo
Heloisa Ferreira da Costa
O homem, a partir do momento que teve a noção de si, que sentiu a presença de uma Força Superior, criou medidas para sua insegurança. Muitas dessas medidas fundiram-se através dos séculos no que conhecemos como religião.
Religião nada mais é do que uma medida de proteção criada pela mente inconsciente para não haver tanto medo diante das intercorrências terrestres. A sua propagação ao longo da história deve-se ao fato de que é mais fácil acreditar em idéias preconcebidas, sem argumentar nem ponderar, em submissão aos preceitos místicos. A religião é sempre um aparato destinado a incentivar a adoração.
Espiritualismo é algo completamente diverso, é a tomada de consciência do ser como espírito, a decisão firme de que a vida é uma forma de evolução e que não é única nem perene.
Muitas pessoas, ao conhecerem o Racionalismo Cristão, o adotam como religião. Ledo engano. Esta Doutrina é uma concentração da Verdade espiritual, traz uma carga imensa de esclarecimentos sobre os ditos "mistérios" e tem sido paulatinamente implantada para aflorar a consciência do ser como indivíduo e, assim, poder constatar a lei da evolução do espírito, através do conceito de força e matéria, onde a força, em princípio, evolui através da matéria, para então alcançar estágios superiores e passar a evoluir apenas na vida extra-material.
A humanidade tem necessidade de compreender que não há conhecimentos secretos, há interesses secretos. As imagens protetoras e amuletos nada representam. O que é preciso é o ser aprender a se auto-analisar, procurando modificar atitudes e comportamentos, e assim, com um viver disciplinado e sadio, criar condições de proteger a si mesmo e processar a sua evolução com segurança.
O espírito é e concentra força e poder; à medida que evolui, cresce em potencialidade espiritual. Os seus pensamentos concretizam os ideais com tanto maior precisão e rapidez, quanto maior for a concentração do seu poder.
Na Filial do Racionalismo Cristão em Marília-SP, a senhora Nilda Oliveira de Carvalho, substituta do presidente, durante a explanação dos princípios, fez uma analogia bastante interessante sobre religião e espiritualismo.
"Assim como a criança que cria imagens, amigos imaginários e usa seus brinquedos criando sua realidade, o espírito sem esclarecimento necessita desses mesmos artifícios. Quando a criança cresce, abandona suas brincadeiras em detrimento de interesses reais e torna-se adulto. Quando isso não ocorre, é uma alteração física, e não há evolução. Da mesma forma, é o espírito: se não houver o esclarecimento, livre dos dogmas religiosos, ele precisará de objetos e crenças para se proteger, apegando-se a eles como forma de livrar-se dos sofrimentos e lutas impostos pela vida e que foram criados por ele mesmo, quando do mau uso do seu livre-arbítrio. Uma vez esclarecido, assim como a criança que abandona os seus brinquedos, o ser abandona o apego a proteções divinas e compreende que ele próprio é o seu protetor ou algoz".
Não há razão para passar a vida pedindo e orando. Há, sim, que se construirem condições para atingir objetivos e ideais almejados e, quanto mais cedo se alcançar esta consciência, mais tempo haverá para se evoluir em uma encarnação.
Basta de perder-se a individualidade, deixando-a subordinada à ação de uma terceira entidade.
No entanto, a superioridade e a arrogância colocariam o Racionalismo Cristão no mesmo patamar das religiões, portanto o ser racionalista é apenas alguém que não precisa mais de ilusões, proteções ou peditórios; ele trabalha em prol do indivíduo e da coletividade para um futuro melhor. Por isso, deve-se compreender e aceitar que existem outras formas de pensamento, são caminhos diferentes que, embora mais longos, podem levar ao mesmo destino.
Necessário se faz também saber que várias pessoas, freqüentadoras do Racionalismo Cristão, não compreendem ainda os seus princípios; o Astral Superior é tolerante até um certo limite.
Neste mundo, o espírito encarna com a liberdade de poder fazer uso do seu livre-arbítrio, e todos somos livres para ser ou fazer o que quisermos, até em prejuízo do nosso semelhante. E o único julgamento será do próprio ser, porque não há outro caminho a não ser o da evolução; assim, uma vez esclarecido, descobre o ser que a felicidade está dentro de si e não em países distantes ou em outras pessoas, mas dentro de si. A escolha é sempre do ser e o importante é que sempre há uma escolha. Por isso o indivíduo deve ponderar bastante ao se decidir, pois é ele que vai carregar, sozinho e sempre, o peso das escolhas que fizer, porque a lei de causa e efeito é uma lei natural e imutável necessária para a evolução do espírito.
Antonio Cottas assim definiu: "O racionalista cristão verdadeiro, convicto, não se importa com as imperfeições alheias porque está conscientizado de que muito tem a observar em sua própria conduta. Afinal, cada um responderá por si, perante a própria consciência. Ninguém evolui pelos outros, cada um constrói a sua própria evolução".
A maior obrigação em qualquer vida é ser sincero consigo mesmo. Para ser um racionalista cristão em toda essência da palavra muito há que estudar e modificar, as irradiações não devem ser feitas como peditórios, os julgamentos devem ser de si próprios, cada um sabe dos seus deveres.
Deve-se tomar extremo cuidado, porque fazer parte de algo tão superior exige muita responsabilidade e a não compreensão dos princípios irá criar um imenso vazio ao término desta fase terrena e uma sensação de que se estava no lugar certo, mas na hora errada.
Heloisa Ferreira da Cosa é militante da Filial de Marília, SP
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