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Qual a morada que a psicologia oferece ao homem ?

Juarez Renato Moura

As origens da psicologia, incluindo-se a Psicologia Escolar, emergiram da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. No entanto, é neste último país que os profissionais recebem a melhor formação e os melhores salários. Embora os psicólogos escolares em todo o mundo, tipicamente, tenham o diploma de professor e experiência de ensino, existem diferenças no preparo acadêmico de um país para o outro e também no preparo profissional.

Em alguns países, os psicólogos escolares fazem um ou dois cursos de psicologia durante seu preparo como professores. Entretanto, os psicólogos escolares, na maioria dos países, têm no mínimo um curso de graduação acadêmica em psicologia, tendo alguns o mestrado, com especialização em Psicologia Escolar.

O profissional em Psicologia Escolar, no Brasil, depara-se com vários problemas significativos: preparo acadêmico pouco relevante, poucos testes e outras tecnologias, literatura pobre, base de pesquisa limitada, atribuições vagas, status e reconhecimento limitado, salários baixos, subemprego. E ainda mais: seus serviços são dispensáveis porque não são exigidos por qualquer legislação. Hoje, os psicólogos escolares brasileiros estão empregados ao bel prazer das autoridades locais ou estaduais. Deste modo, eles enfrentam dois problemas intimamente relacionados: pouca autoridade na educação e pouca recompensa ou reconhecimento pela educação.

À medida que um número maior de psicólogos passou a fazer parte das escolas, as questões referentes a seu papel tornaram-se mais importantes. Determinar o papel básico do psicólogo escolar ajudaria a esclarecer inúmeros problemas que não podemos focalizar atualmente. Os psicólogos estão presentes há anos nas escolas, mas antes da década de 50 seu número era pequeno e seus papéis variavam.

Numa escola, espera-se que o conhecimento circule, cresça, se estruture. Seja instrumento dos planos, da memória, de expressão e do invento humano. Há que ensinar o que a vida mostra ser possível e necessário aprender. Assim, a psicologia tem estudado os processos de aprendizagem com base em diferentes concepções. As da percepção, a engenharia dos operantes, as evidências cotidianas do inconsciente influenciaram a definição de objetivos e procedimentos educacionais. O psicólogo pode auxiliar nessa busca em diferentes momentos quando ajuda alguns elementos da escola a perceber necessidades de desenvolvimento profissional, a suportar as angústias e o investimento desta tarefa.

Estabelecer uma relação de ajuda com a escola significa investir afeto nela. Ao auxiliar a escola a fazer uma leitura mais abrangente de suas próprias ‘queixas’, o psicólogo fortalece os sujeitos na sua capacidade de enumeração e engendramento de alternativas. Surgem a criatividade, a intuição, a postura reivindicadora.

O psicólogo escolar atua, primordialmente, de acordo com um papel de educador. Seu objetivo básico no sistema de escola é ajudar a aumentar a qualidade e a eficiência do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos. Ele está nas escolas para ajudar a planejar programas educacionais para as crianças. O modelo mais apropriado para o psicólogo escolar, então, parece ser o educacional, embora este não se identifique com o modelo acadêmico.

Este trabalho (reflexão) apresentou uma situação geral da Psicologia Escolar no Brasil. Conquistas importantes, obtidas nos últimos 25 anos, formaram a base para futuras realizações. No entanto, ao meu ver, o progresso nessa área requer alterações significativas em quatro aspectos:

Espero que esta reflexão repense a questão da atuação do profissional de Psicologia Escolar, que suscite novas discussões a respeito do tema, e que, modestamente, tenha ajudado a colaborar para uma ampla abordagem do assunto. E, isto ocorrendo, sinceramente, me dou por satisfeito.

Referências Bibliográficas

1. Khouri, Ivone G. Educação e Psicologia Escolar. Cap. 1, Coleção Temas Básicos de Psicologia, Vol. I, São Paulo, 1984.

2. Andaló, Carmem S. A. O Papel do Psicólogo Escolar. Revista de Psicologia, Ciência e Profissão, Ano 4, n° 1, 1984.

3. Reger, Roger. Psicólogo Escolar: Educador ou Clínico? Introdução à Psicologia Escolar, São Paulo, T. A. Queiroz, 1981.

4. Oakland, Thomas. Psicologia Escolar no Brasil: Passado, Presente e Futuro. Psic. Teor. Pesq., Brasília, V 5, 1989.

5. Andreazi, Luciana C. Uma História do Olhar e do Fazer do Psicólogo na Escola. Puccamp, São Paulo, 1992.

6. Souza, Beatriz P Professora Desesperada Procura Psicóloga para Classe Indisciplinada. Psicologia Escolar: Em Busca de Novos Rumos, SP, Casa do Psicólogo, 1997.

7. Guimarães, Maria Cristina F. A Atuação do Psicólogo Escolar. Depto. Psicologia da UFMG, 1997.

8. Kupfer, Maria Cristina M. O que toca à/a Psicologia Escolar. Psicologia Escolar: Em Busca de Novos Rumos, SP, Casa do Psicólogo, 1997.

O autor é freqüentador da Filial de Belo Horizonte, MG

 

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