Os princípios doutrinários e o fim da crise na educação
Maria Helena Vieira Nunes
Infelizmente a educação, em qualquer parte do planeta Terra, está em crise. Crise que persiste, mesmo diante de reações periódicas por parte de pesquisadores, educadores, como a tentativa de resolver problema que se arrasta por milênios. Por que a crise se agrava mais, a cada dia que passa? Quando pensamos que chegamos ao fundo do poço, somos tomados por outras notícias que nos surpreendem ainda mais.
Para resolver o problema da educação precisamos primeiramente nos conscientizar, para educar uma criança, um adolescente ou mesmo um adulto, precisamos antes nos auto-educar. Auto-educar-nos em quê? Sabemos que os caminhos que acenam, hoje e sempre, com facilidades imediatas podem ser justamente os caminhos desagregados da educação. Ou seja, quando pensamos que estamos educando, na realidade estamos deseducando, teimando em não enxergar que os atuais meios usados para educar absorvem precioso tempo perdido além de aumentar o custo aos cofres do governo.
Não será hora de perguntar se vale a pena insistir nesse caminho? Ao meu ver, a educação deve valer a pena, no mínimo, para saber avaliar por que sofremos a ânsia da insegurança! O conjunto de caminhos propostos pela atual educação tem total ausência de "formação de caráter sólido". A criança chega à adolescência incapaz de identificar os caminhos necessários da formação de caráter que deveria seguir.
A educação precisa preparar a criança e o adolescente para, por si só, ser capaz de escolher, de no mínimo saber identificar qual o melhor caminho para seguir, para vencer com segurança e maturidade. Precisamos de uma educação que clareie a mente dos adolescentes, dos jovens, uma educação que os leve a raciocinar, a fim de que, por si só, livrem-se das armadilhas, da ficção e da fantasia embutidas nos atuais meios de educação, como por exemplos das seitas, dos tóxicos, dos abusos do sexo, da mentira política e educacional.
Na educação se faz necessária também a orientação, a fim de identificar os caminhos da honradez, mostrar os caminhos da fraternidade, do trabalho, da tolerância, da ponderação, da persistência e da moderação. Esses sentimentos deveriam ser ensinados de imediato no lar, deveriam ser aplicados na auto-educação dos pais, dos adultos e também dos educadores, professores. Através da auto-educação deveriam saber distinguir os sentimentos elevados e os instintos animalizados.
Este é o caminho para a solução da educação no planeta Terra. Somente pelo exemplo, pela auto-educação, pelo autoconhecimento, o educador terá percepção, clarividência que o capacite e valorize, que o torne cada vez mais útil a si e à sociedade.
A crise permanece e continuará até que os educadores, pesquisadores, governantes percebam que o que há é ausência de uma educação adequada. Quando falo de educação adequada, certamente não me refiro ao ensino intelectual que é aplicado nas escolas atuais, por professores/instrutores, aqueles formados na mesma escola que atesta apenas qualificação a nível intelectual.
Quando falo de educação, refiro-me ao desenvolvimento dos valores pessoais, na formação de caráter, na formação de personalidade, no conhecimento dos tipos de sentimentos existentes no homem.
Refiro-me à constituição do ser (homem), de saber reconhecer-se, identificar as suas duas vidas que, querendo ou não aceitar, existem e são reais.
A educação precisa urgentemente ser reciclada. A educação precisa ser separada da cultura. A educação precisa ser revista, analisada longe de superstições, dogmatismos, misticismos. O educador precisa ser mais corajoso, a fim de romper barreiras impostas entre a Verdade e a fantasia criada pelo homem primitivo, que a inventou a fim de lhe facilitar a compreensão da vida naquela época.
Hoje sofremos os efeitos dessa educação. Alguém disse: "O passado é para ser lembrado, não para ser vivido". O educador, para vencer a crise da educação, precisa antes de tudo, conhecer a si mesmo. Sócrates disse: "Homem, conhece-te a ti mesmo". Esta frase resume todo o problema da crise da educação: o homem ainda não se conhece. O homem precisa conhecer-se com duas vidas: a material e a espiritual. A vida material refere-se ao corpo humano, à química e à física que a ciência tanto estuda. A espiritual refere-se somente ao psíquico, refere-se à força, energia da vida, à inteligência, ao raciocínio, à determinação, à força de vontade, à força do pensamento e ao livre-arbítrio, enfim, aos sentimentos, tanto negativos como positivos aos quais o homem precisa domar.
Essa deverá ser a base da educação atual. E será, independente da vontade, do querer ou não do homem, do educador, dos governantes atuais. Enquanto os homens não se dispuserem a estudar a "educação psíquica", dentro do enfoque científico, longe do enfoque religioso, a humanidade continuará a sofrer os efeitos dessa educação criada artificialmente pelo próprio homem. O homem atual sofre o efeito da sua educação fantasiosa, quando bate de frente com a realidade da vida, o resultado é dor e sofrimento.
A educação a seguir deverá ser a educação natural criada pela própria natureza, através das mesmas leis que regem o Universo. Leis estas em que o homem ainda não se dispôs a conhecer. São leis naturais e imutáveis. Isso quer dizer que o homem não poderá modificá-las, caso contrário sofrerá as conseqüências da Lei do Retorno. Ou seja, é exatamente a crise por que passa a humanidade. Colhemos o que plantamos.
Nós sofremos por ainda não termos uma educação natural, uma educação que nos fale da nossa parte transcendental sem fantasias, sem mistérios, uma educação que nos ensine a levar a vida a sério, pelo estudo, pelo raciocínio, pela lógica, pelo racional, pela luta dos maus hábitos e imperfeições; uma educação que nos mostre o valor do pensamento, que nos mostre a necessidade de educar nossa força de vontade, que nos mostre o que seja o Bem e o que é o mal; uma educação que nos prove que todo mal que praticamos a quem quer que seja volta para nós mesmos e redobrado. Esta, sim, é a nossa principal fantasia, pela qual pagamos bem caro, com muitos sofrimentos.
Sendo assim, desconhecemos, ainda, o uso do nosso Livre-Arbítrio. Necessitamos urgentemente de uma educação mental, de uma educação mais abstrata, menos materialista, mais racional, que nos leve a viver uma vida física e outra psíquica equilibrada e que nos leve a um viver disciplinado, metódico e consciente, tanto no espiritual como no físico.
Este é o caminho. para se construir uma educação cujo efeito será de homens normais, e não como os atuais, perturbados com aspecto de obsedados e loucos, como mostram os noticiários atuais. Só a "educação psíquica" e científica do Racionalismo Cristão poderá proporcionar realmente uma verdadeira educação, pela qual cessará a atual crise, a atual obsessão, a atual inquietação existente, espalhada em cada esquina do planeta Terra.
A autora é professora e militante da Casa Chefe
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