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O valor do tempo

Maria Cottas

Escrevera, já, certo filósofo que "há uma época para todas as coisas e um momento favorável a todos os propósitos na face da Terra. Um momento propício para nascer, e um momento propício para morrer; um momento propício para chorar, e um momento propício para rir; um momento propício para lutar, e um momento propício para divertir-se; um momento propício para ganhar, um momento propício para guardar, e um momento propício para gastar; um momento propício para calar, e um momento propício para falar; um momento propício para amar, e um momento propício para aborrecer."
Quem meditar nesses conceitos cheios de sabedoria não pode deixar de admitir que encerram profundo conhecimento da vida, reconhecendo que o bem-estar material e espiritual das criaturas não depende de outra coisa senão da capacidade de aproveitar o momento oportuno para adaptar-se ao tempo e às circunstâncias.
Não importa tanto o que fazemos e como o fazemos, senão quando o fazermos; disso depende que sejamos felizes ou desditosos, que triunfemos ou fracassemos.
Já ensina a sabedoria popular que aqueles que conquistaram fama e fortuna são os que não dormem, os que aproveitam a oportunidade quando esta se apresenta.
No entanto, há homens trabalhadores, dotados de inteligência e até de certa personalidade, que, por essas razões, deveriam contar-se entre o número dos triunfadores, mas que não podem conservar um bom emprego e, às vezes, nem sequer ganhar o suficiente para sustentar a prole com decência. O motivo desse fracasso, a única razão da sua pouca chance, é que se entretêm durante a caminhada da vida, em vez de seguir em frente com denodo e decisão, em busca da meta almejada. Jamais fazem algo a tempo, nem concluem um trabalho começado.
Conhecemos também esposas e mães a quem o trabalho doméstico altera os nervos pela simples razão de que nunca fazem as coisas a tempo. São aquelas que nunca aprenderam o valor da oportunidade e, em conseqüência, se esgotam no esforço cotidiano realizado sem a sujeição proveitosa a um horário, quando, impondo-se por vontade própria a tal norma de vida, lhes sobrariam momentos para descansar e recrear o espírito.
No mundo social, como no dos negócios, a pontualidade é o segredo da popularidade. Nenhum convidado é tão bem recebido como aquele que chega na hora exata para a qual foi solicitado; nenhum é tão temido, como quem tem o hábito de demorar-se e obriga a que se espere por ele até que os convidados se desesperem.
Sobre todas as coisas, o fator tempo exerce importância apreciável no círculo familiar, e , bem utilizado, contribui para que sejam evitados ligeiros desentendimentos e contrariedades que perturbam a paz nos lares e, às vezes, até a felicidade conjugal. "Há um momento propício para calar, e um momento propício para falar", e não há nada que os cônjuges não possam dizer, sem temor de iniciar uma discussão, se antes procuram escolher o momento psicológico para fazê-lo.
Se, por exemplo, a esposa procurasse sondar o marido quando ele regressa, à noite, a fim de certificar-se se ele está de bom ou mau humor, antes de falar-lhe sobre determinado assunto, evitar-se-iam muitas contrariedades. Porque há um momento adequado para participar as más notícias, e outro em que não convém mencionar fatos desagradáveis a quem regressa à casa fatigado, depois de um dia de trabalho intenso. E assim, também o homem pode perceber qual o momento propício para comunicar à esposa um acontecimento penoso, ou até mesmo que não lhe pode dar, no momento, o dinheiro para isso ou aquilo.
São tantas as vantagens para quem pensa e faz as coisas a tempo, que é lamentável que não concedamos mais importância a esses grandes fatores de sucesso: o tempo e a oportunidade.

Do livro Páginas soltas


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