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O espiritismo no Brasil

Antonio Cristovam Monteiro

Em recente suplemento literário-cultural, editado semanalmente em encarte num dos mais importantes órgãos de imprensa, foi publicada uma extensa monografia sobre a "História do Espiritismo no Brasil". Impecável sob o aspecto literário, eis que vazado em uma linguagem castiça, em estilo simples e acessível, até eminentemente didático.
Todavia, se intocável quanto à forma expositiva da matéria, ousamos, com toda reverência, discordar da eminente escritora, doutora em Psicologia. Discordar do conteúdo por revelar um estudo muito superficial e limitado da matéria de excepcional relevância e, o que é pior, padecendo de séria omissão, porque se deteve apenas no espiritismo evangelista de Kardec e seus leais seguidores, como o famoso médium Chico Xavier. Notabilizou-se este pela profusão de suas mensagens psicografadas, de importantes espíritos de pessoas desencarnadas e de relevo em vida física.
Revelou-se a ilustre psicóloga desconhecedora, por acanhada pesquisa da matéria, da obra do grande revolucionador do espiritismo no Brasil, o gigante, o inigualável, nosso mestre Luiz de Mattos, a quem coube a glória de elevar o espiritismo, não só no Brasil, mas em todo o mundo e nos espaços siderais, elevar pois às alturas de autêntica e indiscutível ciência "vasta, profunda e eclética", como magistralmente a definiu o nosso inolvidável Antonio Pinheiro Guedes, em sua obra Ciência Espírita.
Extraordinário acontecimento nos alvores do século XX, sabiamente codificado na impecável obra Racionalismo Cristão, com seu centro irradiativo para todo mundo, o Centro Redentor, cuja sede primitiva, célula mater, aqui no Rio de Janeiro, foi e será sempre centro dos maiores estudos do psiquismo. Para não citar outros luminares da Psiquiatria, basta que se relembre um dos maiores doutores na matéria, o insigne Juliano Moreira, diretor por muitos anos do antigo Hospital de Psiquiatria da Praia Vermelha, que se rendeu à nova ciência de Luiz de Mattos, de quem se tornou grande amigo e admirador, a ponto de remeter ao Centro Redentor doentes mentais tidos como irrecuperáveis para. Ficarem aos cuidados do espiritismo do comendador Luiz de Mattos.
Aliás, é preciso que se entenda que o que se pratica no Redentor é o Espiritismo Racional e Científico Cristão. Não se confunda com o espiritualismo vago que é, pois, diferente. O espiritismo kardecista confabula com os espíritos desencarnados, confabulação que não se admite no Redentor. Nas sessões de limpeza psíquica que se realizam no Redentor e nas suas filiadas, apenas são atraídos os obsessores pelo Astral Superior, que os arrebata imediatamente ao mundo correspondente para voltarem a reencarnar.
Outra diferença, embora sutil, entre espiritismo e espiritualismo impreciso é que naquele fica patente a reencarnação, e nesse, o espiritualismo vago, negam os seus seguidores, notadamente os evangélicos, a reencarnação. Logo que desencarnados, são, no seu entender, reconduzidos ao "céu" ou ao "inferno".
Não se queira dizer que o que se pratica no Redentor não seja também espiritualismo. A diferença está na sutileza do enfoque, de vez que, via de regra, todo aquele que acredita na existência do espírito é necessariamente espiritualista.
Voltando a Kardec e seus discípulos, inclusive Chico Xavier, não é nosso intento depreciar a sua obra, de vez que daí partiu Luiz de Mattos, evoluindo em seus pacientes e profundos estudos para o nosso imperecível e eterno Racionalismo Cristão. Ora, a ilustre psicóloga sequer evidenciou a figura de um importante seguidor de Kardec no Brasil, o grande e dedicado médico Bezerra de Menezes, que deixou grande e apostolar contribuição à humanidade desvalida, apesar de profundamente distanciado do Racionalismo Cristão.
E é bem que se afirme que, no Espiritismo Racional e Científico Cristão, coube a extraordinária cooperação com a medicina tradicional pelo advento da medicina psicossomática, pelas sábias lições de Pinheiro Guedes, ao positivar em sua Ciência Espírita que "o medico que puder ministrar tratamento físico com o conhecimento das causas ou influências psíquicas que incidem sobre a maioria das enfermidades é duas vezes medico".
Assim, é do nosso indeclinável dever sair a campo, embora respeitando as demais crenças, mas sempre vigilantes na preservação e defesa dos incontestáveis e inconfundíveis postulados da nossa querida Doutrina, o Racionalismo Cristão. É oportuno lembrar aqui a lição de Voltaire, grande vulto da filosofia: "Não estou de acordo com o que dizes, mas respeito o direito de dizeres".

(O autor é diretor da Casa Chefe)


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