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A verdadeira e esplêndida morada dada ao homem

Heloisa Corrêa L. Santos

Considerações sobre o artigo Qual a morada que a Psicologia oferece ao homem?, de Juarez Renato Moura, publicado em A Razão, de outubro e novembro/2003.

A morada que a psicologia oferece ao homem é a morada da honra e da paz. O verdadeiro cientista, aquele que faz da sua profissão cumprimento do dever e engrandecimento da alma, não se queixa se o seu trabalho não lhe traz grandes somas e posições sociais efêmeras.
A psicologia tem, na sua origem, homens sábios, honrados e muitos sofridos. O berço da psicologia é a Alemanha. Judeus alemães que se submeteram a situações vexatórias, de penúria, de sofrimentos atrozes e nem por isso deixaram de fazer os seus estudos.
Poderíamos citar muitos estudiosos, principalmente Wundt, um médico que, para fugir do positivismo de Auguste Comte, desenvolve a Psicologia Experimental, título enganoso, pois, na época, experimental, em alemão, era sinônimo de fisiológico.
Mas citemos Viktor Frank, preso em campo de concentração e que ajudou os amigos de infortúnio a sobreviver à fome, à miséria e insanidade mental.
Sem falarmos em Freud, o pai da psicanálise, que muito poucos entenderam. Freud tinha verdadeiro horror que sua obra caísse em mãos de médicos e religiosos. Ele tanto temia, que aconteceu. Muitos desencontros se dão também porque a língua alemã é cheia de sutilezas, que não foram respeitadas, ao serem traduzidas para o inglês.
A identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos da ciência e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos da ciência enfoca o homem, de maneira particular.
A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade; é essa a sua forma particular específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana.
A matéria prima da psicologia é o homem em todas as suas expressões: as visíveis, o comportamento; as invisíveis, os sentimentos; as singulares, o que somos, porque somos homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-ação. Criando e transformando o mundo externo, o homem constrói e transforma a si próprio.
O mundo atual já sabe que é de fundamental importância a presença do psicólogo-humano, interdisciplinarmente, nas várias esferas de ação: nos hospitais, postos de saúde, CTIs neonatais, escolas, centros comunitários. O Brasil está aí e é preciso correr atrás..., o Brasil está necessitando desse trabalho nos aglomerados, principalmente.
Quando surgiu Freud, tínhamos a impressão de que a Psicologia fosse individual. Hoje temos certeza de que ela é social, é tratando o social que o individual se sentirá engajado e irmanado com os seus.
Quanto à referência de aplicação de testes, pelo psicólogo, aos alunos, no ambiente escolar, nunca houve nem haverá nada mais cruel do que estes testes. Tais testes provocaram a exclusão das crianças desprivilegiadas do ambiente que lhes é de direito, que é a escola. Há várias inteligências; um teste de QI, aplicado a uma criança urbana e a uma criança rural, logicamente, não terá os mesmos resultados porque tais testes não são justos. Foram feitos com segundas intenções, ou seja, de excluir populações mais pobres. A criança urbana se sairia muito melhor que a rural.
A criança rural identifica e define todos os sons dos cantos dos pássaros, o cheiro da terra, quando vai chover, a direção do vento e, ao olhar para o céu, ela sabe se o dia seguinte será quente, ensolarado, ameno ou frio. Mesmo as crianças da cidade, essas que vivem nos sinais de trânsito, vendendo coisas para auxiliar no orçamento de casa, não se sairiam bem nos testes. Mas se colocarmos a criança bem nascida nos locais onde aquelas outras sobrevivem, não teriam a mesma desenvoltura, não saberiam dar troco nem abordar os clientes, e poderiam até ser atropeladas.
Então, comprova-se aí a injustiça dos testes. Há que se respeitar a inteligência de cada ser humano. Modernizando sua Psicologia, o autor do artigo deve ler Emilia Ferrero, Vigotsky, Ângela Vorcaro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, William César Ferreira, Skinner e o grande mestre Freud.
Os espíritos vêm ao mundo, os autistas, os hiperativos, com todos os tipos de diferenças e é a psicologia e a espiritualidade, juntas, que amenizarão o resgate desses espíritos.
Não questione a psicologia, busque por ela, estude-a, participe dos congressos, seminários, encontros. Procure a Abrapso, onde se dá um dos mais avançados estudos de problemas e soluções para os países da América Latina.
Ser psicólogo não é importante, importante é ser espiritualista com conhecimento psicológico, para auxiliar os nossos irmãos em essência.
Todos, sem exceção, são capazes de aprender; saberá ensinar aquele que foi tocado pela sublimação do amor.
Luiz de Mattos, em Clássicos do Racionalismo Cristão, fala do muito que a Psicologia pode oferecer ao homem. Por isso, resolvemos estudá-la. Sabemos que somos seres de busca, que nossa identidade só é conseguida através do outro. Então, por que o narcisismo?
Termino com o primeiro parágrafo da obra Clássicos do Racionalismo Cristão, 1° volume da lª edição, de julho/1995, pág. 111, do capítulo Cuidemos Devidamente da Criança: "O estudo da psicologia é interessante e deve ser cuidadosamente feito, para bem se conhecer a humanidade."
Leiam esse capítulo, principalmente quem é pai, ou queira ajudar uma criança.
A psicologia, feita com justiça, honra, ordem, método e disciplina, nos oferece uma morada esplêndida, que é a morada dos espíritos.
Quem sabe psicologia tem que fazer uma releitura da vida.


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