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O milagre

Martinho de Mello Andrade

O milagre na modalidade religiosa é obra sobrenatural, portanto, feita por mãos de Deus em determinados momentos, resultante da imposição do crente através da fé, o que anula, nadifica e ab-roga as leis que são naturais, comuns e imutáveis ¾ síntese da vida do Universo ¾ , que a tudo obedece, incluindo a Força que se submete às leis de transformação (matéria) e de evolução (espírito).

Ora bem, o que o povo e uma plêiade de intelectuais religiosos chamam de milagre não é nem mais nem menos que reações dinâmicas da natureza através de fenômenos emergentes da manifestação da essência (realidades objetivas) produzidas em dadas ocasiões, isso quando as circunstâncias o permitem, sob o regimento das leis atuando sobre a matéria inorgânica, espíritos encarnados, espíritos livres da matéria, plantas, sistemas solares e galáxias, com regularidade e precisão matemáticas.

As pessoas fanáticas e/ou dogmáticas têm a mente tensa, bloqueada, presa e fechada em si mesma, o que não deixa o fluxo do pensamento fluir livremente sobre a acústica mental, obliterando, assim, a resolução de qualquer problema: remetendo tudo para o cenário de mistérios e de coisas sobrenaturais, porque não houve campo para a reflexão.

O pensamento é força saturada de poder: quando em reuniões coletivas, forma um bloco inexpugnável que, irradiando com orientação num só sentido, objetivando algo, naturalmente associa à lei de atração universal, atinge o alvo ensejado (milagre dos religiosos) com clarividência. Logo o resultado foi o produto de uma causa predisponente em que os pressupostos atuaram sinergeticamente, visando um fim.

Nada acontece por acaso, porque tudo o que existe é originado e movido por causas, cujas leis são anteriores a elas e, nessa ordem de idéias, surgem conseqüentemente os efeitos da mesma natureza da causa que os engendrou, obedecendo o mesmo plano. Causas inteligentes produzem efeitos ou conseqüências inteligentes e causas maléficas resultam efeitos maus.

Essas operações estão franqueadas a todos, mas nem toda a gente se dá ao trabalho de questionar qual a raiz, a origem das coisas. Por exemplo: num grão de milho estão engendrados todos os elementos constitutivos de uma nova planta; numa estaca de jasmineiro estão contidas as mais perfumosas flores. Isto não são milagres, não, são frutos da Inteligência Universal (Deus dos religiosos).

O mundo está cheio de coisas maravilhosas, admiráveis, formidáveis, fantásticas e, para quem quiser, milagrosas, mas estas de igual sentido.

Não existem milagres no sentido religioso, sentido contrário às leis naturais, sem conteúdo e por isso anticientífico.

As lendas milagrosas têm servido muito da ignorância dos incautos para arrebanhar adeptos e mealhar ouro, mantendo-os na cegueira espiritual; vêem reflexos e não enxergam a luz, desviando-os do conhecimento da verdade, princípio e fim por que vieram a este mundo-escola, planeta Terra.

Citam-se em síntese, algumas lendas milagreiras:

a - a hóstia sangrenta como produto do "micrococus prodigiosus", que, misturado com a farinha de trigo, torna-se de cor vermelha;

b - as aparições de Lasallete e de Lourdes, na França, e de Fátima, em Portugal;

c - Travessia a pé de Moisés e do seu povo no Mar Vermelho (Moisés era um homem culto e sabia qual o dia e ano em que esse mar se abriria, pois que não foi a primeira vez que se abriu, deixando um corredor sem água; e

d - Ossada de defuntos (santificados).

O estudioso da Doutrina Racionalista Cristã ¾ continuação da de Cristo ¾ não se vangloria propalando oposições, mas, sim, propugnando pelo bem e pela verdade.

Martinho de Mello Andrade

 

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