Mãe
Maria Cottas
Disse o príncipe dos poetas castelhanos que, "se o homem é um mundo abreviado, a mulher é o céu desse mundo". Devemos acrescentar: e a mãe, o Sol deste céu. Como o Sol, ela alumia, aquece, alegra, comove, alenta, expande, acaricia, seduz, fascina, atrai.
O que é o Sol entre os astros, é a mãe, perante os povos, o ponto primacial da vida, a fonte da família, a chave da sociedade.
Cooperadora e complemento do homem, a mãe gera, nutre, educa, dá forma, brilho e esmalte à existência; é a autora maravilhosa e a destra escultora dos seres.
Evoquemos alguns vultos de mulheres que tiveram a glória de ser mães e deram ao mundo grandes homens.
A senhora Lamartine, dedicando-se, inteiramente, à educação do filho, tornou-o uma das maiores glórias da França. E em suas confissões escreve o autor de "Graziela": "As outras mães trazem os filhos no seio apenas nove meses, mas eu posso dizer que minha mãe me trouxe, no seu, doze anos, e que vivi dentro de sua vida moral como vivi de sua sua vida física, em suas entranhas, até o momento em que delas fui arrancado para ir viver a vida pútrida ou, pelo menos, glacial, dos colégios. Ela tudo me traduzia: a natureza, o sentimento, a sensação, os pensamentos. Sua alma era tão luminosa, tão cálida, que nunca deixava sobre as coisas trevas ou frio; ao fazer-me compreender as coisas, fazia ao mesmo tempo com que as amasse. Era uma superioridade que só se reconhecia adorando-a".
A mãe de Flaubert fez tudo quanto pôde para que seu filho publicasse Madame Bovary, guardado entre outros papéis, sem esperança de que viesse à luz. Quando ela deixou este mundo — disse então o seu já célebre filho — "compreendi que aquela pobre velhinha foi o ente que mais amei. Estou como se me tivessem arrancado a alma."
Guy de Maupassant, literato ilustre, chegou à glória, graças à sua mãe.
O delicioso Pierre Lotti assim escreveu: "Abriu-se a porta, e minha mãe entrou, sorrindo. Vejo-a, ainda, tal como me apareceu, trazendo lá de fora um pouco de Sol".
Examinando a vida de Jacinto Benavente, o grande comediógrafo, vemos que seu pai, célebre médico, se opunha às inclinações do filho para o teatro. Mas sua mãe, nobre dama de educação antiga, protegeu-o e levou-o ao triunfo. Mais tarde, foram vistos, assomados ao balcão da casa de Benavente, a velhinha com seu filho recebendo as ovações da multidão pela estréia e êxito de uma grande peça.
Onde um sorriso que seja comparável ao doce sorrir de uma mãe? Ou um olhar que se pareça com seu enternecido olhar? Que melodia igual a esse canto melancólico, plangentíssimo, cujas notas caem sobre o berço como gotas de luz, como lágrimas de amor, quando a mãe embala e arrulha ao filho pequenino? Que beijo, como os seus beijos? Que abraço, como os seus abraços? Que afagos, como os seus afagos? Que desvelos, que abnegações, que sacrifícios, que ensinamentos?
Por isso, nada mais triste que o desamparo materno, nada mais pungente que a orfandade!
Um órfão de mãe é um espelho sem luz, uma lâmpada sem óleo, uma flor sem perfume!
Do livro Folhas esparsas
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