Jesus, o homem por trás do mito
Heloísa Ferreira da Costa
A história contada de Jesus Cristo é do conhecimento de todos, mas, na realidade, esta que é contada está mais estória do que fatos reais. Jesus é um espírito muito evoluído que já está bem distante deste plano e dessas misérias todas que são feitas em seu nome. Esse grau de evolução não foi alcançado, como todos pensam, por hierarquia filial, mas, sim, através de múltiplas e sofridas encarnações, culminando na última, que de todas talvez tenha sido a que gerou maior angústia para esse espírito, porque tudo foi muito deturpado, de um homem enérgico, um mestre, um transgressor do seu tempo, foi pintado como sendo um ser fraco, que deixava bater na outra face, quando desafiado.
Esse homem nunca teve a intenção de fundar uma religião. Jesus não disse para se construir um templo religioso, nem fundar uma igreja no sentido que esta palavra tem de religião. A frase teria sido dita em aramaico, língua falada no dia-a-dia na Palestina, mas as versões mais antigas do texto de Mateus estão em grego, o idioma oficial. Assim, "igreja" é a tradução do grego "eklesia", que significava comunidade. Então Jesus teria dito para iniciar-se uma nova comunidade não necessariamente religião; para ele a verdadeira religião era a vida, o modo de se comportar com o todo e com os outros. Era cada um ter sua terra, seu cultivo, poder sentar sob sua figueira ou videira e viver em paz. Tudo mais foi construção posterior. A religião cristã não começou com Jesus, segundo estudos recentes feitos por historiadores e teólogos cristãos; a imagem desse homem como filho de Deus surgiu alguns anos após sua morte em Jerusalém, por volta do ano 30 do que hoje é chamado de Era Cristã.
Dois mil anos se passaram desde os ensinamentos de Jesus e sua história permanece um enigma. Na arqueologia há uma tentativa de esclarecer como era a época em que Jesus viveu, mas ainda existem várias lacunas a serem preenchidas. Sua vida, enfim, parece resistir a toda tentativa de enquadramento. Três personagens se fundem na figura de Jesus: o personagem histórico, que viveu na Palestina durante o domínio romano e teria provocado impacto entre seus contemporâneos; o personagem místico, construído por gerações de adeptos e adversários; e o personagem transcendental, que muitos vislumbram por trás do homem e do mito.
Os evangelhos não podem ser considerados biográficos. Eles têm um certo valor histórico, porém muito deturpado. Os escritores eram profetas, médiuns sem disciplina da época, e seus relatos seguem a estrutura dos mitos de herói. O historiador Alan Dundes faz uma relação de 22 incidentes típicos dessas narrativas mitológicas (por exemplo o nascimento de uma virgem) e verifica que os evangelhos contêm 17 deles.
Na construção do mito de Jesus entraram, além dos elementos da tradição judaica, os do mundo pagão.
Outro fato relevante na personalidade de Jesus é que ele valorizava demais a opinião das mulheres, não apenas dialogando com elas como admitindo-as em seu círculo mais amplo de discípulos. Segundo historiadores, Madalena era uma líder e não uma mulher da vida, era apóstola e mulher amada por Jesus. O grande pecado de Maria Madalena foi o de saber demais e despertar o sentimento mais vil que habita o coração dos homens, o ciúme, daí a ter sua história modificada foi apenas um passo, já que todos os evangelhos foram escritos por supostos discípulos de Jesus.
O conflito real que motivou sua condenação deu-se no Templo de Jerusalém, que ganhava fortunas com a venda de animais para os sacrifícios. Jesus, diante desses absurdos, dizia: "Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda imundície". Diante desse sistema corrupto, Jesus não ofereceu a outra face, ele virou as mesas do templo.
Todas estas fontes de informações estão disponíveis para aqueles que já removeram as vendas do sectarismo e estão dispostos a evoluir, e o Racionalismo Cristão, que sempre foi uma Doutrina de vanguarda, há muito proclama que Jesus foi um homem como tantos outros, porém de uma espiritualidade imensa, que tentou ensinar as verdades sobre as leis naturais e imutáveis. Mas, devido à ignorância da época, era obrigado a usar metáforas e sua visão de grande poder espiritual era confundida com milagres. Que isso acontecesse há tanto tempo até podemos entender, mas que, em plena era da clonagem, dos transplantes de órgãos e da Internet, milhões de pessoas ainda busquem apoio em alguém que comande todo o Universo, inclusive sua existência, esquecendo-se do mais simples, que seria olhar para si, corrigir-se a aprender que a evolução é o único caminho possível para a existência, é difícil.
Não nos cansaremos de pesquisar, aprender e tentar demonstrar através de exemplos, da palavra escrita e falada, que esta é a Doutrina que este homem simples, porém complexo de conhecimentos, tentou implantar neste ínfimo planeta que ora habitamos.
A autora é militante da Filial de Marília, SP
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