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A criação e educação dos filhos 2

Vantuil Fazollo

(Conclusão do artigo, cuja primeira parte foi publicada na edição de junho de A Razão, e na Gazeta)

O bom pai e a boa mãe jamais podem descuidar-se, desde os primeiros dias de vida material dos filhos, da sublime missão de educar a prole. Se aqui veio encarnar o pequeno ser, é porque necessita continuar o aprimoramento do cabedal de seu espírito, e é sempre temerário admitir a velha afirmação de que uma criança nasce pura pois, se procurou encarnar, é porque precisa extirpar algo que ainda não lhe permitiu continuar a vida como espírito, no Plano Astral. É bem verdade que o espírito que encarna no mundo Terra emana de um Mundo Astral, de luz, em espírito-força, que traz gravado em seu perispírito todo o seu passado evolucionista, para, na presente encarnação, continuar a gravar todos os instantes de sua nova vida terrena. Nessa gravação, ao partir em retorno ao seu Plano Astral, estarão insertas todas as minúcias de sua vivência e, quando revista, naquele Plano, sofrerá o espírito com todas as falhas e desvios que cometeu, para os quais concorreram, muitas vezes, os desavisados pais, que não souberam conduzir os filhos. Pode, também, o espírito, na vivência da fase de madureza ou velhice, corrigir os desvios ocasionados pelos seus pais.

Em função disso, deve-se notar que, com poucos dias de nascida, a criança demonstra inclinações e tendências que devem ser estimuladas, se tidas como boas, ou combatidas, com severidade e intransigência, se revelarem tais inclinações inconvenientes e afastamento do marco divisional da razão pura.

Diante de tudo isto, pode-se afirmar que não passam os pais de autênticos egoístas quando fogem da responsabilidade de manter a unidade do casamento que planejaram durante muito tempo em suas juventudes, nos períodos de namoro, de noivado e de vida conjugal, para criar e educar suas proles. Ninguém vem à Terra encarnar para viver uma vida só de bonança; aqui estão para burilar seus maus hábitos e dar mais um passo em direção à Perfeição, que é a meta de todo espírito, dure tal caminhada anos, dezenas e até milhares de anos, mas ninguém poderá fugir dessa viagem. Todo espírito constitui uma partícula da inteligência universal, da mesma essência dessa inteligência, e apenas está evoluindo para nela se integrar, dure o tempo que durar. O desenvolvimento da partícula é perene e a reintegração só se dará quando esta estiver desprovida de todos os defeitos e mazelas humanas que hoje, com tristeza, observamos na maioria dos encarnados terráqueos.

Recusando-se, pois, tanto esposo quanto esposa, a cumprir honrosamente seus papéis, de cunho intransferível, de conceber, criar e educar seus filhos, para que, dentro da máxima compreensão do casal, possam transmitir aos pequeninos seres em formação material e, bem assim, contribuírem para um adequado aperfeiçoamento do cabedal espiritual dos mesmos, terão ditos pais falhado em suas missões, já que deixaram de proporcionar aos inocentes filhos as condições ideais para que, após uma existência como encarnados, estarem propensos a uma estagnação evolutiva, e, então, ao ascenderem, após a desencarnação, aos seus mundos de estágios em Plano Astral, verão que pouco ou quase nada evoluíram por lhes ter faltado uma orientação racional dos pais.

Os quadros fluídicos gravados em seus perispíritos, como se fossem uma produção cinematográfica, evidenciarão, com detalhes, todos os acontecimentos ocorridos na última encarnação e deles não estarão ausentes as irresponsabilidades e omissões dos pais.

É bem verdade que no mundo atual existe uma considerável massa humana que é contra a continuidade do casamento e outra existe que sequer casa para conceber os filhos, fugindo, desta forma, das responsabilidades matrimoniais, desajustando os filhos que, trazendo em seus espíritos boa dose de perfeição, não admitem que as forças elucidativas e educacionais de amor, que pensam ser os pais, que se uniram por tal sentimento, possam separar-se. Surge, via de regra, o pânico dos filhos diante de tais inimagináveis situações, mormente quando já adolescentes, fase da vida essa, por sinal, considerada a idade dos desajustes, já que aproxima tais viventes criaturas das inexoráveis transformações orgânicas de meninos e meninas para rapazes e moças.

A vigilância permanente do marido e da mulher para que os filhos tenham uma boa infância e uma boa adolescência, a fim de que, educados devidamente, possam se emancipar, constitui, também, um dever intransferível dos genitores, e não se pode admitir que uma pessoa que mantém um relacionamento amoroso com outra possa, de uma hora para outra, eliminar tal sentimento, a não ser que o egoísmo tome o lugar da compreensão e até mesmo da razão, a ponto de não pensar o casal no inalievável patrimônio que são os filhos e a família.

Por isso, o sacrifício, o espírito de renúncia e o valor dos cônjuges têm que prevalecer, já que existe um objetivo maior, que é a manutenção da integridade da família, família essa que constitui uma célula da humanidade.

Não podem, sob qualquer aspecto ou hipótese, prescindir marido e mulher de ministrar, segundo as regras da moral, da comunhão do casamento, e até mesmo sob a forma de vivência da união estável, a educação de sua prole, sob pena de ter que repetir o cônjuge que para isto concorreu a encarnação nas mesmas circunstâncias, por ter fracassado em sua sublime missão na qualidade de pai ou de mãe, dando continuidade à evolução do ser humano, ser este que é, como se disse, uma partícula da inteligência universal, composta de força (espírito) e matéria, exatamente como é composto o universo e a inteligência universal.

Para conclusão desses comentários, busca-se, nos notáveis e evoluidíssimos ensinamentos de Luiz de Mattos, trecho de uma de suas doutrinações:

"Ninguém deve envaidecer-se pelo que faz, mas ter satisfação íntima de que está cumprindo o seu dever com eficiência e valor. Tudo na vida depende do esforço, mas nota-se que muitos não se esforçam, sentem-se cansados, e esse cansaço é a vida anímica que se vai gastando pelo mau viver. Toda criatura tem responsabilidade, e por isso deve ter muita disciplina para poder ter a vida anímica suficiente para que o espírito possa irradiar o seu corpo. E só assim ele se sente em condições de bem cumprir o seu dever."

O Dr. Vantuil Fazollo é freqüentador da Casa Chefe

 

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