A criação e educação dos filhos
Vantuil Fazollo
Como é de todos sabido, ninguém pode dar a outrem o que não possui. É esta máxima aforística uma sentença moral breve que atravessa séculos por ser uma realidade palpável.
Nota-se, hoje, em todas as camadas sociais, que os homens e as mulheres, em boa parte de tais meios, não estão preparados, apesar de todo o progresso e luzes do Século XXI, para ministrar aos filhos uma adequada educação, quer seja ela de ordem material, quer espiritual. Tanto uma quanto outra exigem, nos dias atuais, cuidados especiais consentâneos com os bons costumes, uma vez que estes e a forma de conduta postos em prática pelos meios de comunicação, mormente os televisivos e os veiculados pela moderna tecnologia dos computadores, parecem ter por escopo conduzir e fazer retornar a massa humana aos primórdios da formação das civilizações, quando havia preponderância marcante da vida material, do sensualismo desenfreado e da ambição do ganho fácil, com fortes tons de usura, quando tais tendências são apenas uma nuvem passageira na vida do espírito, um instante por assim dizer, se comparadas com a eternidade da vida espiritual em direção à perfeição, onde se fazem presentes, perenemente, a luz e a pureza total.
Têm que se conscientizarem os pais de hoje ¾ a maioria deles, infelizmente ¾ , que os deveres da paternidade são por demais pesados e não se cingem a poucas horas de convívio e de carinho dedicadas aos filhos, mas sim numa constante vigilância que vise a um incessante e contínuo aperfeiçoamento do ser em desenvolvimento e que, como tal, passa, no decorrer da vida, pelas suas diversas fases: infância, adolescência, madureza e velhice. Pois só assim podem tais criaturas sedimentar, nas duas primeiras fases, alicerces e bases sólidos que, aperfeiçoados na madureza e na velhice, possam proporcionar-lhes uma vida melhor e sem os percalços ou vantagens fortuitas que infestam o mundo, e hoje tão comuns mesmo nos idosos desavisados.
Muitos dos genitores, por não possuírem uma boa formação, não conseguem alcançar o verdadeiro significado do vocábulo "pais". Ignoram, por exemplo, que ser pai ou mãe significa arcar com enorme responsabilidade. Porém, acham que os filhos devem ser criados e educados de qualquer modo, admitindo o hábito de sempre tenderem a debitar às agruras da vida a má e precária criação e educação que proporcionam às suas proles, como sói acontecer aos animais irracionais, que sequer se submeteram às regras do matrimônio por faltar-lhes o raciocínio, e, por conseqüência, não possuírem o livre arbítrio próprio, tão-só, da grei humana ou sociedade humana, já que na fase evolucionista que se encontram tais animais, são detentores ainda, e por enquanto, do instinto.
Por isso é que um casal de animais irracionais não se casa, apenas acasala e daí advém, por uma necessidade primária da vida, a procriação dos filhos, que procuram assimilar os costumes dos pais desde os primeiros dias de vida, assim permanecendo em constante aprendizagem.
Da mesma forma, hoje em dia, se bem notarmos a tendência dos seres humanos, verificamos que há uma forte inclinação para o "acasalamento" (permitem-se as desculpas da comparação) de seres humanos que, via de regra, abandonam, por completo, a natural seqüência que deveriam percorrer ¾ o namoro, o noivado e o conseqüente casamento legal ¾ para que tivesse lugar uma total cumplicidade do homem e da mulher em termos de direitos e deveres perante a lei e, em função disso, dentro dos puros costumes, regras e comportamento sadios e sociais, dar curso ao inexorável efeito que é a procriação. Porém, sempre sob a bandeira do matrimônio, que impõe aos pais pesados mas nobres deveres de paternidade, uma vez que os filhos dessa união, como é fartamente sabido, desde a sua concepção no ato sexual, elegeram e escolheram, em planos astrais, tais lares para ali nascerem e levarem a efeito suas brevíssimas evoluções neste insignificante planeta Terra, com a passagem pelas citadas quatro fases: infância, adolescência, madureza e velhice.
Assim não fora, o ato de reproduzir seria meramente instintivo em função de uma necessidade primária, como o é, aliás, a dos animais inferiores (os irracionais), os quais, pela falta do atributo do raciocínio e ausência, ainda, do livre-arbítrio, é dada a condição natural de fazer sexo instintivamente, já que não têm, por formação intelectual que ainda é insuficiente no plano evolucionista, noções ¾ como acontece com muitos seres humanos ¾ , acerca da sublimidade que envolve o ato da concepção e a conseqüente geração material do embrião humano.
Nesse sentido, em virtude das tendências por vezes animalescas, com pensamentos voltados tão-somente para as conquistas vulgares, determinados homens e mulheres não são capazes de usar o raciocínio e analisar as conseqüências sérias e graves que envolvem uma reprodução no reino hominal, já que proporcionar a outro espírito, carente de progresso, a possibilidade de conseguir um corpo carnal-material para continuar a evolução num corpo humano significa estar cooperando, sobremodo, com a verdadeira evolução que aproxima todos da força universal, das forças superiores, do Grande Foco, em retilíneos caminhos à perfeição e de Deus, se assim quiserem entender outros.
Inobstante, nunca é tarde para alertar aos incautos seres humanos que muitos deles, envolvendo-se nas correntes deletérias do astral inferior, que assolam, devastam e arruínam, em parte, os princípios evolucionistas deste minúsculo planeta Terra, por vezes até divulgadas insistentemente tais investidas pelas redes de comunicação, e até em função de macabros acontecimentos sociais de norte a sul, leste a oeste, deste país, como uma imensurável rede, estão conduzindo a vida dos jovens para uma irracionalidade total, aproximando-os, num sentido inverso do natural, dos irracionais. Ainda mais que, com a total liberação da censura pela Constituição Federal vigente, as regras de comportamento sensual e sexual dos "humanos", legais e morais não são mais respeitadas e, via de regra, hábitos estranhos e freqüentes conduzem menores não coordenados, adequadamente, pelos pais, para caminhos sem volta no decorrer da encarnação que vivem, e isto sem se falar na destruição dos lares que, sem sombra de dúvida, se tiverem proles, serão elas, infalivelmente, vítimas dos desencontros egoísticos dos "pais". E isto pode ser aquilatado, tomando-se por base os dados estatísticos que crescem verticalmente de ano para ano, através dos numerosíssimos processos de separação judicial em trâmite nas varas de família de todos os fóruns das milhares de comarcas deste país.
É sempre bom frisar ¾ este detalhe é da maior importância ¾ que os filhos assimilam e gravam em seus subconscientes (e no perispírito) os costumes dos pais, e chegam a ter orgulho de imitá-los, já que a infância lhes proporciona um poder imensurável de assimilação, de modo que cada filho faz do pai a figura de um "pai-herói" e da mãe, a de uma "mãe-heroína". Mas também é verdade que as tendências podem ser desenvolvidas para o mal ou para o bem, dependendo dos comportamentos ou desencontros dos pais que, às vezes, não se dignam pensar como seres humanos.
Dessa forma, pode-se equiparar os filhos, com relação ao comportamento dos pais, como se fossem, respectivamente, alunos e professores, e como tais aprendem e assimilam "... lições e exemplos de disciplina ou indisciplina, de honradez ou de desonra, de coragem ou pusilamidade, de verdade ou de impostura, de dignidade ou de envilecimento, de ordem ou de desordem, de vergonha ou de desfaçatez, de lealdade ou de traição, de sinceridade ou de hipocrisia" como afirma o Racionalismo Cristão, enfim, o que os pais possuem e dão ao seus descendentes é por eles assimilado, do mesmo modo que o aluno aprende a lição que o professor lhe ensina. Esta é uma realidade da qual ninguém pode fugir.
O Dr. Vantuil Fazollo é freqüentador da Casa Chefe
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