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Felicidade conjugal

Maria Cottas

A mulher que ama constrói a sua felicidade da felicidade do homem que escolheu para marido. As mulheres casam-se, muitas vezes, porque pensam que o casamento lhes pode abrir as portas da felicidade, ao passo que muitos homens casam por casar... Nessas condições, o casamento não tem para o homem o mesmo valor que tem para a mulher. Solidifiquemos, pois, a nossa felicidade, assim:

Um marido tão perfeito como a nossa imaginação moça sonhou jamais encontraremos. Deixemo-nos de ilusões. Enquanto a experiência da vida não dá à mulher um pouco de siso, enquanto a sua ilusão não a deixa ver claro, ela pode se julgar infeliz porque não vê junto a si o príncipe encantado dos seus sonhos juvenis.

Levada por pensamentos ilusórios, ela deseja sempre ver no seu marido qualquer qualidade que precisamente ele não possui, e intimamente se contraria.

Deixemos de parte todas essas ilusões ingênuas, entremos na realidade da vida conjugal e procuremos solidificar a nossa felicidade.

O homem é quase sempre uma criança grande, de quem devemos admitir os caprichos, sem procurar impor-lhe os nossos... Se aceitamos a vida em comum, devemos ter suficiente força de vontade para suportar tudo o que ela tem algumas vezes de inevitável, de enfadonho, em troca do que ela nos dá de felicidade.

Se o homem que escolhemos tem mau caráter, por exemplo, os gostos completamente opostos aos nossos, nós os modificaremos, sem dúvida. Quem sabe se, para agradar-nos, ele não nos fará algumas concessões?! Contentemos-nos, mesmo que ele nos recuse muita coisa, resignemos-nos e sejamos mais generosas... Cedamos sobre certos pontos. Os homens gostam de representar sempre o seu belo papel de grandes senhores...

Casai somente por amor! O amor é para a mulher a única garantia da sua felicidade. Procuremos, portanto, conservá-lo, o maior tempo possível. É uma questão de tática e de vontade, sem falar, bem entendido, nos sentimentos que nós experimentamos.

A fidelidade é uma flor que não brota, forçada, no jardim conjugal. Se o nosso marido nos compreende, se nos quer ver felizes e se possui excelentes qualidades de trabalho e vontade, não peçamos mais nada à vida: ela nos foi pródiga.

Se ele se tornar volúvel e infiel, deixando-se levar por alguma ilusão passageira, ficai certas, se formos o que devemos ser, ele voltará mais amoroso do que dantes, e dando maior valor à mulher que, por momentos, esqueceu...

Mas evitemos os pontos de interrogação, as dúvidas, as suposições e os ciúmes... Afastemos do nosso pensamento a idéia de que ele não nos suporta, e não nos torturemos inutilmente, deixando-nos abater. Tenhamos confiança no companheiro da nossa vida e... fechemos os olhos.

Encerremos a nossa felicidade numa casa da qual nós, só nós, tenhamos a chave, que guardaremos cuidadosamente, com receio de perdê-la, e, quando entrarmos nessa casa procurando o refúgio que ela nos oferece, nas horas penosas da vida, caminhemos nas pontas dos pés. Um pequeno ruído, um movimento em falso faria reaparecer a criança volúvel que fomos e que lá fora deve ficar.

Evitemos, ainda, discussões, que nos levam a ser ásperas e podemos dizer o que não queremos; as nossas palavras, nos momentos de exaltação, vão além do nosso modo de pensar, e podem tornar-se irremediáveis.

Palavras, leva-as o vento, dizem. Não acreditemos nisso, pois não são esquecidas tão facilmente aquelas que nesses momentos proferimos. Fica sempre uma impressão penosa e, de vez em quando, elas voltam à lembrança daquele que as ouviu e desfazem, para sempre, toda a ilusão, estremecendo um grande afeto.

Escolhemos um companheiro para ajudar-nos a atravessar a difícil etapa da vida, tão árida quando se está só. Esforcemos-nos, pois, para que essa travessia prossiga com a serenidade, com a calma que evitam e afastam as tempestades. E para isso criemos um ambiente de felicidade em volta de nós, conservando-nos bem unidas àqueles a quem amamos.

E não nos esqueçamos que, fazendo a felicidade dos outros, faremos também a nossa, porque viver num ambiente de felicidade, serenidade e calma, junto do homem amado, cercadas do amor e do carinho dos nossos filhos, ao abrigo da cobiça, do orgulho, da inveja, do pessimismo que entristecem e perturbam a alma, é ter verdadeiramente atingido a felicidade.

Do livro Folhas esparsas


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