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O eu interior e as atitudes

Heloísa Ferreira da Costa

Dentro de todo ser humano está o seu eu, fruto de centenas de anos vividos em várias encarnações; é aquilo que realmente somos, os sentimentos profundos, os valores, princípios morais, tudo que aceitamos como correto. Ao longo da vida atual todos se julgam com razão em suas atitudes. Por exemplo: a pessoa que rouba, participa de crimes, olha para si e, dentro de seu contexto de vida, sempre acha sentido para suas ações, seja por uma vida humilde, seja pelas restrições que sofre no seu viver, e segue assim no caminho do erro, mas internamente apoiada em uma explicação plausível para si mesma. E há ainda a ilusão de que existe um Deus protetor e compreensivo, que perdoará seu ‘filho’, mesmo diante dos maiores absurdos.

Será que o mal é intrínseco e indestrutível? Será que o ser animal que todos têm no seu interior é indomável como alguns querem acreditar? Há que se considerar neste ponto os indivíduos com transtornos de personalidade. Trata-se de um terreno difícil e cauteloso que tem chamado a atenção da mídia pela quantidade de casos, mas as pessoas com personalidade psicopática fazem parte dos estudos da medicina; desde 1550, aproximadamente, quando Girolano Cardamo, um professor de medicina da Universidade de Pavia, descreveu um comportamento que pudesse identificar a idéia de personalidade psicopática. Essa personalidade não pode ser reconhecida ou aceita pelos próprios pacientes, e quando têm inteligência superior conseguem parcialmente manter-se relativamente integrados no meio até a idade adulta. O psicopata, hoje denominado sociopata, se origina de uma constituição genética, mas sofre as conseqüências do meio. Instalada a condição, passa a atrair interferências inferiores que acabam por agravar o quadro; por fim, fica obsedado.

Através de uma análise individual, percebo que em nosso cotidiano sofremos com o excesso de trabalho, com aquilo que queríamos que fosse de um jeito e que muitas vezes foge do nosso controle, e essas situações aleatórias fazem com que tenhamos atitudes agressivas diante do que não aconteceu conforme nossa vontade.

O julgamento das atitudes será feito por leis materiais e espirituais, principalmente pelo próprio espírito. O que é necessário fazer é uma análise constante da vida; ao findar um ano, principalmente, avaliar o que se fez dentro das possibilidades. Houve evolução? E quando falamos em evolução não queremos dizer financeira apenas, queremos dizer evolução do eu interior, porque erroneamente se pensa que a encarnação existe para se pagar dívidas. Mas a vida existe para o aperfeiçoamento individual do espírito como força que é. Há o sofrimento, mas se existe é porque a falta de conhecimento das leis naturais traz o desequilíbrio das contas de débito e crédito, e, independentemente do que a maioria das pessoas pensa, que uma boa ação elimina uma má, isto não ocorre realmente. As boas atitudes passam a fazer parte do acervo espiritual, mas as más precisam ser eliminadas nesse constante evoluir, e só o serão a partir do momento em que, com a consciência aflorada, os seres possam parar de errar sempre no mesmo ponto. Corrijam atitudes para evitar novos deslizes.

O questionamento então é: pode-se julgar o ser pelas atitudes? Depende das conseqüências delas. É preciso perguntar para si mesmo o que decorreu daquilo que fez ao longo do tempo, e a partir dessa análise se pode ter uma noção do futuro. Sempre aconselho àqueles que estão iniciando a vida que não façam nada que seja irreversível. Por exemplo, uma carona que se pega com uma pessoa alcoolizada e disso decorre um acidente com traumas físicos; um envolvimento com drogas, desonestidade, um desvio moral, coisas que mancham o caráter de tal forma que trarão, sem dúvida, sofrimento e desespero, porque são coisas que dão início a uma reação em cadeia. São como uma pequena quantidade de neve que se desloca no alto de uma montanha e vai crescendo ao longo da descida porque vai havendo a união de partículas e, nessa coesão, ao chegar à metade da descida, já virou uma avalancha, destruindo tudo que encontra em seu caminho. A mesma coisa é a nossa vida, um deslize pode desencadear uma série de situações que podem culminar num desastre natural. Nesses casos não há como desfazer o que já está feito, é impossível voltar o tempo, daí a necessidade de princípios, de caráter, limites internos, para que as atitudes erradas não determinem uma, duas ou mesmo várias vidas para a frente.

O eu interior é essencialmente superior em decorrência de sua matriz. Somos todos bons, mas o eu animal vive escondido em cada um e precisa ser conhecido para ser dominado e impedir-se que o Bem desapareça e o mal se instale por completo. Não deixe que isso ocorra, o animal pode e deve ser domesticado, basta um pouco de humildade para entender que ninguém é perfeito, que, se estamos vivos, é para haver evolução, que o perdão não existe e que quem não conhece a si mesmo nada sabe, mas quem tenta conhecer-se, corrigir-se arduamente, já conseguiu o entendimento da profundidade de todas as coisas.

A autora é militante da Filial de Marília, SP


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