Espiritualidade na juventude

Rogélio Railbolt da Silva

O Racionalismo Cristão busca incessantemente a espiritualização da humanidade, porém a verdade, neste mundo materialista, é que os próprios pais vêm educando seus filhos de uma maneira brutal, pois visam somente ao preparo deles, crianças ou jovens, a uma batalha campal no terreno materialista.

Nos tempos atuais esse preparo exige muita dedicação, pois a concorrência na vida é um fato e progride geometricamente com o passar do tempo. Tal processo de competição se compara até mesmo à seleção natural da vida, em que os mais fortes e inteligentes perpetuam sua espécie cada qual no seu nível de ação. Essa competição já se verifica desde o início da vida, na fecundação, e se estende nas várias fases que o ser humano passa no planeta Terra, sendo todas produtoras de lutas que se travam no decorrer de toda a existência, que denominamos Lutas Imprescindíveis de uma Existência, já que nos mostram bem claramente o quadro simbólico na educação da nossa prole, no sentido amplo do que sejam as dificuldades, as lutas e as intempéries próprias deste mundo.

Este fato relevante deve ser lembrado, porém não levado ao extremo, pois, como a vida, também a educação se divide em material, como já explicado, e espiritual, que é o alicerce, a coluna sustentadora de todo peso brutal da vida material, pois nos dá força, estímulo e compreensão das tarefas e deveres no âmbito universal, como sabedores da nossa contribuição acerca da orquestração e da mecânica evolutiva no âmbito geral.

Esses pontos educativos são importantíssimos nessa formação e, fazendo analogia com a acupuntura, tocamos determinados pontos e atingimos outras partes integrantes desse sistema, excitando-os ou não, nos momentos oportunos.

O mais complexo nesse ato educacional é poder conciliar esses pontos, é descobrir o meio termo em lados antagônicos, é sabermos dosar o remédio na medida exata de cada paciente, é sermos carinhosos sem sermos bajuladores, é sermos enérgicos sem ferir, é, finalmente, ensinarmos a vida material sem afetarmos a espiritual, e vice-versa.

Descobrindo esses pontos e usando essa base educacional, poderemos desenvolver, no sentido amplo, a espiritualidade desde tenra idade. E esse florescer depende de regarmos essas plantinhas no tempo certo e na medida certa, para que seu crescimento seja constante e seguro, e essa árvore frondosa futuramente possa dar novos frutos, e assim sucessivamente.

O Racionalismo Cristão, com sua disciplina, pode à primeira vista assustar, ou melhor, não ser atrativo à juventude, pois nessa fase o jovem, meio arredio, não gosta de regras disciplinares. Porém se na sua infância conseguirmos, por diminuto que seja, ter semeado os princípios espiritualistas, na juventude será mais fácil a adaptação sem tantos vícios e choques emocionais.

Certo é que cada um tem uma evolução espiritual, e as mudanças são gradativas. E uma encarnação representa pouquíssimo perante a evolução espiritual na sua totalidade. Porém, qualquer modificação, qualquer ponto conquistado nesse processo, pode ser de fundamental importância no transcurso de um ser, dessa partícula e centelha de luz a caminho de sua evolução espiritual. Esse é o nosso dever, conscientizarmo-nos desse papel, encontrarmos meios e artifícios leais e sinceros para que, através de nossas ações e procedimentos, alavanquemos esse processo educativo, que se reverterá em espiritualidade, acelerando o processo evolutivo do qual todos fazemos parte. Educação e cultura espiritualista é sinônimo de Evolução. A apatia consciente é sinônimo de descaso pelos conhecimentos que adquirimos, é sermos coniventes com a situação, é não termos alcance espiritual para sentirmos a necessidade latente em nosso interior para mudar essa situação.

Rogélio Railbolt da Silva, é militante da Filial de Petrópolis, RJ

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