Educação e violência
José Alexandre Gomes
É preciso muita coragem, muito valor e, acima de tudo, desprendimento para lutar contra a violência que tomou conta da nossa comunidade numa época tão degradante como esta que os Estados Unidos atravessam. Eis a razão de os responsáveis por nossa comunidade caminharem com segurança, abrindo escolas e centros culturais e recreativos, para salvar a nossa juventude. É preciso abri-los porque nada se faz sem, primeiro, criar terreno, com a convicção de ter criaturas preparadas para trabalhar nessas escolas, para salvar os nossos jovens, que estão aí, perdidos.
Tenho plena certeza de que vamos alcançar essa meta, porque não é possível que o Bem não vença o mal, que a dignidade não vença o despudor; pois o vício, o crime e a violência têm que desaparecer da nossa comunidade.
Os nossos jovens, por falta de educação no lar, vão se pervertendo e, infelizmente, nota-se que uns vão desgraçando outros, e aquele que já está viciado, que já está perdido não quer ficar só. É necessário que haja educação nas escolas, que a educação brote por todos os lados onde haja criaturas esclarecidas. Os jovens de hoje querem a vida fácil, a vida do prazer, prazer mundano, vivem uma vida desregrada, inclinam-se para o ganho fácil, porque o trabalho cansa, o trabalho machuca, o trabalho é pesado para esses jovens infelizes que não querem trabalhar ou estudar e preferem andar na rua, na vadiagem. Um jovem viciado é infeliz. É preciso que todos saibam que o trabalho é riqueza, o trabalho valoriza o ser, quando ele o sabe valorizar.
Quantos jovens vagueiam dentro da nossa comunidade por falta de educação, que não tiveram nos lares!
Estão fazendo falta na vida dos jovens caboverdeanos a educação, a ordem e a disciplina. Um jovem que estuda, que trabalha, que sabe ser organizado tem horas para tudo, e, obedecendo a essa disciplina férrea, estuda, trabalha, dá conta da sua responsabilidade e ainda lhe sobra tempo para o lazer, que também é necessário na vida dos seres. Onde há ordem o tempo chega para tudo e ainda sobra. Um jovem que quer viver tranqüilo, em paz consigo mesmo, nunca se atrapalhará diante do dever a cumprir.
O mal da nossa juventude é andar correndo, fazendo tudo com pressa, porque está sempre em cima da hora, é indisciplinado, não tem hora para dormir, freqüenta clubes noturnos, bares, acha coisas extras para fazer no momento errado dando oportunidade a que o astral inferior tome conta da situação, como tomou recentemente, tirando prematuramente a vida de dois jovens caboverdeanos que hoje poderiam estar entre nós, para a felicidade deles e de seus parentes e amigos.
Quando os jovens procurarem ouvir os conselhos de seus pais, estudando, trabalhando, dando valor aos conselhos recebidos nas escolas, e seguindo uma doutrina como o Racionalismo Cristão, outro será o seu viver. Ser educado é saber viver as duas vidas, a espiritual e a material, é estar em toda parte, dando exemplo da sua educação moral e espiritual, sem querer diminuir ou tirar a vida ao seu semelhante. Felizes são os lares que se destacam pela moral, pela ordem, tanto no trabalho, como na disciplina dos filhos.
Caro leitor, os artigos publicados no jornal A Razão são verdadeiras lições de ordem moral, mas é preciso que haja vontade forte para reeducar, para trazer a disciplina aos lares e a toda a nossa comunidade em geral, para que todos possam ver e aceitar o que há de mais belo na vida do ser humano, que são a disciplina, a ordem e o respeito. O respeito e a moral devem estar acima de tudo. Onde houver respeito, moral, disciplina, tudo evolui, há felicidade, há paz, há hora para tudo. Pais caboverdeanos, procurem dar valor ao que valor tem, estudem e procurem encontrar nos conselhos que são transmitidos neste jornal o que há de mais importante para que a família volte a ser o exemplo vivo da nossa comunidade.
A nossa comunidade tem sofrido e está sofrendo muito com esse triste acontecimento. Quase a todo momento se ouve novidade desagradável na nossa comunidade. Atualmente há muita falta de educação neste país, porque os pais não têm liberdade de educar seus filhos, porque a lei deste país dá muita liberdade às crianças, e é isso a causa de muitos crimes que ocorrem neste país.
E como educar filhos num país onde se dá tanta liberdade às crianças? É muito difícil, mas têm que ser educados, de uma maneira ou de outra.
É por isso que a comunidade caboverdeana anda sofrendo tanto, com tantas desgraças a ameaçar a vida dos nossos jovens, a causando-lhes sofrimentos, morrendo prematuramente, sem processar a sua evolução espiritual e sem realizar nada neste mundo, deixando seus parentes e a comunidade inteira traumatizados pela dor.
Então, meus amigos, amigos caboverdeanos, tenham pensamentos fortes, elevados, para que possam ser beneficiados com os conselhos que transmitimos neste jornal, que é o porta-voz da nossa Doutrina.
O autor é da Casa Racionalista de Stoughton - EUA
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