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Direito ao trabalho

Sérgio Lima

O direito ao trabalho, tanto quanto o direito à vida, é inalienável – ambos são partes da condição do ser humano. Observado na sua origem mais remota, o trabalho se faz presente desde as formas mais elementares da existência no plano animal, na busca incessante, diuturna e continuada para a obtenção de víveres absolutamente imprescindíveis à sobrevivência.
Portanto, o trabalho representa uma parte essencial na dinâmica determinada pelas leis naturais e imutáveis, que a tudo presidem. Visa basicamente a promover a transformação da matéria circundante em energia para com ela, em última análise, promover a evolução dos seres.
O resultado do processo de transformação, que é contínuo, propicia novas e renovadas ordens na cadeia de recursos que a natureza oferece, muitas das quais são por sua vez formas de nutrição para outros seres se servirem.
Nós, seres humanos, pertencemos àquela geração última de uma incomensurável quantidade constituída de seres presentes na enorme cadeia evolutiva que habita o planeta. O que nos diferencia de todas as demais espécies é o fato de podermos refletir sobre todo esse processo.
De certa forma não deixamos de ser uma espécie privilegiada, condição alcançada através de milênios, que nos permitiu superar o estado animal intuitivo e primário para atingir a condição do ser pensante, isto é, aquele capacitado a avaliar, decidir e agir. Tudo isso porque assumimos a condição de seres pensantes.
Avaliar, decidir e agir são as ferramentas postas em ação pela vontade livre e soberana, mediante as quais o ser humano é capaz de se transportar da condição meramente instintiva e animal para a do ser que raciocina, posto que provido de intelecto, portanto apto para superação das dificuldades que se lhe antepõem, do momento que nasce até o findar da existência física.
Pode parecer paradoxal, no entanto, que o ser humano tenha atingido e possua essa condição por ser a única criatura sobre a face do mundo a permanentemente defrontar-se com uma legião de problemas, muitos dos quais advindos da sua capacidade de criar, da qual o pensar e, por conseguinte, o sentir são os maiores propulsores. Dessa forma se coloca o homem permanentemente diante de duas situações básicas: a primeira, aquela em que avalia ser uma dificuldade natural e primária, como a da fome, a do sono, ou se se trata de dificuldade de outra natureza, certamente a da segunda condição, posto que motivada e resultante de alguma iniciativa sua.
Também sente, porquanto dotado de consciência – informação mais conhecimento, mais saber – cujo cabedal é infinito, tanto quanto a capacidade que tem de melhor aproveitar as oportunidades oferecidas a cada instante da sua história de vida. O que somente é capaz de desenvolver, quanto mais e melhor se dispuser ao trabalho, a bem conduzir o seu pensamento, de modo a manter sempre a mente aberta, em processo desencadeado ciclicamente a partir do plano mental – raciocínio – para o plano material – físico – e deste para o do espírito.
Tudo isso, dirá o leitor, não encerra qualquer novidade. Verdade. Apenas não queria deixar de comentá-las a partir de uma leitura sobre as questões feitas por Platão ao seu escravo, Menon (quatro séculos antes de Cristo).

(O autor é Diretor da Casa Chefe.)


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