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Concentração e meditação

Antonio Cristovam Monteiro

Uma das mais importantes faculdades do espírito é, sem dúvida alguma, a do livre arbítrio que, como ensina o Racionalismo Cristão, é exercido pela vontade direcionada pelo raciocínio. Todavia, poucos são os que fazem bom uso desse sábio mecanismo no trato da vida diária. A vida moderna, atordoada pelas imprevisíveis maravilhas das conquistas científicas, é tragada pela voragem da pressa, da velocidade. Estão as criaturas ao mesmo tempo em todos os lugares, menos no seu eu, em si próprias. Exiladas de si mesmo.

Desperdiçam-se promissoras existências, chegando ao cabo sem proveito algum da evolução espiritual. Ora, a evolução do espírito é o centro, a razão primeira da finalidade de uma encarnação, mas, alheiam-se a esse desígnio extasiados pelo engodo das vantagens materiais. Perde-se inteiramente a noção das coisas sérias da vida, da ordenação de uma conduta racional, da retidão do cumprimento das obrigações espirituais e materiais e, quanto a estas, até do encanto da natureza, de diversões sadias, enfim, de tudo de bom que lhe vai à roda.

Que poderá haver de mais belo e encantador do que o esplendor do alvorecer no campo. Da festiva sinfonia do canto mavioso da passarada, da sua fascinante plumagem, do brilho vivificante dos raios solares, realçando a tonalidade multicor da vegetação engalanada pela suavidade e perfume das flores. O próprio Cristo, zeloso de sua pregação, sempre persuasiva e nunca impositiva, demonstrou a sutileza de sua sublime sensibilidade espiritual, e até das coisas lindas da vida material naquele sábio conselho "Olhai os lírios do campo". Divisava ele, na alvura resplandecente dos lírios, emergindo do charco, o símbolo da pureza espiritual, altaneira às mazelas humanas.

Nas suas escaladas do Monte das Oliveiras, vibrava com a contemplação da natureza, em momentos de descontração espiritual das coisas terrenas, porém firme na concentração e meditação nos superiores propósitos da sua sublime missão de redenção da humanidade. Concentração que tem sido, através dos tempos, em meio a todo esse obsessivo desnorteamento de conduta, o único refrigério para devolver as criaturas a desejada tranqüilidade espiritual.

É bem que se diga que a concentração de que aqui tratamos é aquela individual em que a criatura se isola para uma auto-avaliação do seu comportamento, durante um certo lapso de tempo, meditando para uma tomada de posição esclarecedora dos rumos a corrigir da sua vida. Esta medida, é claro, precedida das habituais irradiações, mas nunca aquela concentração de ordem mediúnica, esta só rigorosamente exercitável através das correntes formadas nas Casas Racionalistas, sob as efluviações benéficas do Astral Superior.

Em síntese, para modelar concentração e meditação, é fundamental, em princípio, a vitalidade física propiciadora daquele estado mental harmonioso, calmo, esclarecedor, que conduz à felicidade, embora relativa, do viver terreno.


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