Ser alienígena

Heloísa Ferreira da Costa

As pessoas que conhecem a Doutrina Racionalista Cristã têm uma visão muito diferente do mundo. Sentimos tudo de outra forma, não que sejamos superiores, não é o caso. Mas, pelo conhecimento da vida fora da matéria, percebemos que o que é conhecido no mundo religioso comum foge da realidade da vida, e, assim, não temos mais necessidade de adotar nenhuma religião. E isto soa muito estranho para a maioria das pessoas, pois, desde o início da história humana, o homem tem adorado alguma coisa, seja o Sol, a Lua, os astros em geral, animals e – o mais comum – imagens.

Viajo muito e é comum encontrar, na entrada de pequenas cidades do interior de São Paulo, uma imensa imagem do que seria Jesus Cristo, uma imitação pobre do famoso Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Às vezes, essas imagens são tão grotescas, que, em um vilarejo chamado Roberto, talvez fosse melhor considerar que a tal estátua retrate o tal Roberto. Se Cristo estivesse perto deste plano, com certeza se sentiria muito mal ao ver o que é feito em seu nome, devido à grande incompreensao de sua obra.

Mas tudo isso parece ser normal em pleno século XXI, num tempo em que a evolução tecnológica nos coloca ao vivo com os acontecimentos mundiais, onde tudo acontece de uma forma globalizada Mas, apesar disso, no terreno das coisas espirituais sentimos não estar acontecendo muita coisa, e os poucos que procuram entender a vida são considerados seres alienígenas, como aconteceu outro dia. Ao descer no elevador junto com algumas senhoras que se dirigiam a realizar uma reunião de fórum religioso, assim me tacharam, e nesse exato momento estava me dirigindo à Casa Racionalista Cristã. Esbocei um sorriso amarelo e calei, pois o ambiente não me permitia maiores esclarecimentos. E esta Causa é tão nobre, que sei que todas aquelas senhoras foram beneficiadas naquele dia pelas correntes superiores do Bem, que ajudam a todos, indistintamente, encaminhando ao mundo de luz próprio aqueles que estão quedados nesta atmosfera, e que muito gostam de se chegar às correntes religiosas.

Tenho certeza de que todas aquelas pessoas foram para casa sentindo-se bem, momentaneamente, talvez atribuindo o sentimento aos seus apelos, desconhecendo o trabalho anônimo que prestamos. Esta é a grandiosidade desta maravilhosa Doutrina, que vem caminhando a passos largos, às vezes mais incógnitos do que gostaríamos, porém é necessário que assim seja, por causa da pobreza espiritual reinante.

Se, para ser normal, temos que cair nessas armadilhas de andar-se a pedir, implorar aos céus por benesses, com certeza prefiro ser qualificada como um ser de outro planeta. Que paz espiritual nos é possível vislumbrar, como gostaríamos de transformar o mundo! Mas tudo tem o seu tempo e razão para acontecer, e haverá de chegar o momento em que os que destoarão serão aqueles que ainda precisarão limitar-se a ser seguidores de algum credo.

Somos diferentes, sim, pois já estamos em processo de evolução pelo auto-conhecimento. Mas pior é olhar ao redor e descobrir que a esmagadora maioria permanece morando em cavernas e escrevendo sua história através de símbolos e pedaços de carvão. Respeitamos, mas preferimos usar a informática.

A autora é militante da Filial de Marília, SP

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