Introdução ao estudo da base científica do Racionalismo Cristão: Força e Matéria

José Gonzalo Villaverde Couto

Palestra proferida em 18 de setembro de 2004, na Filial Vicente de Carvalho, RJ

Resumo da Palestra

Este trabalho tem como finalidade esclarecer Militantes e Assistentes do Racionalismo Cristão através de explicações científicas, de nossa época, evidentemente de uma forma acadêmica simples, a base científica do Racionalismo Cristão conforme estabelecida e codificada originalmente por Luiz José de Mattos, no seu primeiro discurso de inauguração da primeira casa Racionalista Cristã em Santos (21/06/1912).
Luiz José de Mattos, apoiado nos ombros dos cientistas de sua época e principalmente sob a intuição do Astral Superior, codificou, com muita coragem e determinação, a base científico-filosófica do Racionalismo Cristão, a qual é defendida academicamente neste trabalho: "NO UNIVERSO SEJA ELE NO ESTADO INVISÍVEL (MICRO) OU VISÍVEL (MACRO), TUDO É COMPOSTO DE FORÇA E MATÉRIA"

1. Introdução

Resumo do primeiro discurso de Luiz José de Mattos na inauguração da primeira casa Racionalista Cristã (Santos - 21/06/1912).
1.1 - "A Matéria mesmo viva é Inerte e só se movimenta, só se incita com um elemento que lhe vem de fora e que vive fora dela";
1.2 - Para descobrir o elemento movimentador da Matéria, Luiz de Mattos estudou a composição do Universo para afirmar que: dois elementos ou duas forças regem todos os seres, todos os mundos e todo Universo: elemento espiritual (ou partícula da Inteligência Universal); e elemento material (ou fluido astral, matéria cósmica ou fluido cósmico universal);
1.3 - "As explicações espiritualistas nascem nos mecanismos da interação entre o elemento espiritual e o elemento material";
1.4 - "É, portanto através do estudo desse fluido astral (Matéria) e do Espírito (Partícula da Inteligência Universal) que nós vamos obter o porquê de todas as coisas, de todos os seres e de todos os mundos que existirem no Universo...";
1.5 - "E assim ficareis sabendo que o invisível como o visível obedecem a leis comuns e naturais...";
1.6 - "É pois através do estudo do Espírito e da Matéria que deve partir a ciência da Terra para chegar à descoberta da verdade";
1.7 - "A Matéria não é outra coisa se não o fluido astral ou matéria cósmica ou fluido cósmico universal , cujas inumeráveis modificações constituem a imensa variedade de corpos da natureza; quando condensado a um certo grau temos os metais e pedras e quando dilatado em proporções extremas temos o éter (um estado da matéria muito leve)".

2 - Discussão do conceito Matéria no estado macro

Hoje sabemos cientificamente que quando Luiz de Mattos se referiu às inumeráveis modificações existentes na Matéria, estava-se referindo aos diferentes estados físicos da matéria encontrados na Natureza. Isto é, quando muito CONDENSADA temos o estado sólido, fracamente CONDENSADA temos o estado líquido, DILATADA temos o estado gasoso e quando extremamente DILATADA temos o éter ou plasma que é matéria extremamente diáfana encontrada nos gases ionizados como, por exemplo, na superfície solar.
No plano físico do Planeta Terra, dentro do nosso "espaço-tempo", isto é dentro do visível ou estado macro pode-se constatar a existência da matéria sem problema algum, através da nossa visão, esteja ela no nosso planeta nos estados sólido, líquido ou gasoso, bem como em outros planetas do nosso sistema solar.
Evidentemente que quando olhamos para o Universo estamos diante do COSMOS. Por esta razão, devido ao limite de nossa visão que Luiz José de Mattos denominou também a MATÉRIA como sendo fluido astral ou matéria cósmica ou fluido cósmico universal a qual também preenche o Universo ou Cosmos.

2.1 - Onde estamos situados na Via Láctea

O planeta Terra pertence ao Sistema Solar o qual está situado na Via Láctea que é a nossa Galáxia. Esta tem forma de espiral e nosso Sistema Solar está situado a cerca de 1/3 da borda do diâmetro da espiral externa da galáxia, em relação ao centro massivo da Via-Láctea.
Para melhor entender o Cosmos ou Universo ou Macro Sistema vamos fazer um pequeno resumo de Astronomia, baseado no livro Cosmos, de Carl Sagan. As fotografias apresentadas na palestra também foram retiradas, em sua maioria, do mesmo livro.
"A velocidade da luz emitida por uma estrela (Sol) é cerca de 300.000 km por segundo. Como o tempo que a luz Solar gasta para chegar à superfície da Terra é cerca de 8 minutos, então, infere-se que o Sol está a uma distância da Terra de cerca de oito (8) "minutos-luz" de distância".
"Chama-se "ano-luz" a distância da luz percorrida em um (1) ano".
"O diâmetro externo da nossa galáxia é da ordem de duzentos mil anos-luz".
"O planeta Terra viaja cerca de 2,5 milhões de km a cada dia em torno da Via-Láctea".
"As galáxias são compostas de gás, poeira e estrelas - da ordem de bilhões e bilhões de estrelas".
"No oceano cósmico estima-se existirem cerca de algumas centenas de bilhões de galáxias, cada uma contendo, em média, uma centena de bilhão de estrelas".
"Estima-se, também, que em todas as galáxias existem, talvez, tantos planetas quanto estrelas".
"Estes são os números esmagadores anunciados pela ciência de hoje".

2.2 - Onde estamos situados no Universo ou Cosmos

Estamos situados no que os astrônomos chamam de Grupo Local de Galáxias o qual possui uma extensão de vários milhões de anos-luz, sendo composto de cerca de vinte (20) galáxias constituintes.
Trata-se de um aglomerado, segundo os astrônomos, esparso, obscuro e despretensioso. Dentro deste complexo aglomerado de galáxias, encontra-se a nossa modesta galáxia "Via-Láctea. Dentro desses números esmagadores da Astronomia, e refletindo sobre a imensidão do Cosmos, sobre as imensas distâncias entre as galáxias, sobre o movimento constante do Cosmos Universo, somos conduzidos a concluir, da mesma forma que os astrônomos, que no Universo deve de estar repleto de vida.
Evidentemente que em espaços-tempos diferentes do que o espaço-tempo que habitamos num diminuto planeta, chamado Terra, constituído de rochas, metais, água e ar; o qual brilha debilmente no Universo devido a reflexão constante da luz emitida pelo Sol sobre a sua superfície, e que gira em movimento harmônico em volta do Sol e do seu próprio eixo ancorado pelo seu próprio satélite, a Lua.
Ambos, então, se movimentam, com precisão, no nosso sistema solar que pertence a nossa galáxia, e esta também se movimenta em harmonia juntamente com outras centenas de bilhões de galáxias levadas eternamente através da imensa escuridão do Cosmos, que é constituído em sua maior parte de VAZIO, onde existe, segundo os astrônomos, o Vácuo Universal, frio e vasto, no espaço galáctico.

2.3 - Breve discussão

Cabe salientar que a ciência de hoje admite, claramente, que as Leis da Natureza são exatamente as mesmas do Cosmos.
Também segundo a Ciência, as galáxias estão se afastando cada vez mais umas das outras, dentro evidentemente do "espaço-tempo Macro" em constante velocidade.
É importante lembrar que a ciência, através de modernos radiotelescópios, vem recentemente registrando a energia emanada do fundo do Universo a qual é captada, registrada e devidamente medida.
Mas existe uma parcela dessa energia total recebida, registrada e medida que os cientistas (materialistas) não sabem definir sua origem. Estima-se que essa parcela seja da ordem de 30% do total da energia captada do fundo do nosso Universo.
Nós, racionalistas cristãos, entendemos que esta energia, de origem desconhecida pela ciência atual, é a prova da existência da FORÇA que atua sobre a Matéria Pura (ou fluido astral ou matéria cósmica ou fluido cósmico universal) e que ambas coexistem no mesmo espaço-tempo.
O que corrobora justamente a proposta inicial de Luiz José de Mattos "No Universo seja ele no estado invisível (micro) ou visível (macro), tudo é composto de Força e Matéria".

3 - Conceito de matéria no estado micro

Já no estado micro, para constatar a existência da matéria, temos que entrar no "espaço-tempo dos átomos ou micro" que constituem a base científica da matéria. Hoje em dia a ciência tem catalogado mais de uma centena de átomos (matéria pura) com suas propriedades físicas, químicas, elétricas, magnéticas, etc, bem definidas, que são certamente toda a base científica do avanço tecnológico do nosso planeta.

3.1 - Conceito de Força (Elemento Espiritual ou Partícula da Inteligência Universal)

Luiz José de Mattos tinha noção da importância e principalmente da responsabilidade de definir, abstratamente, o conceito de Força, uma vez que os conceitos científicos de hoje não levam em consideração a existência da Força.
Mesmo assim, Luiz José de Mattos definiu Força como sendo um Elemento Espiritual ou Partícula da Inteligência Universal.
Baseado na intuição do Astral Superior e nos conceitos dos cientistas de sua época foi que Luiz José de Mattos afirmou que: "A Matéria mesmo viva é inerte e só se movimenta, só se incita com um elemento que lhe vem de fora e que vive fora dela" (seria a ação da força no estado micro). E afirmou ainda que :"Todas as explicações espiritualistas nascem da INTERAÇÃO ENTRE O ELEMENTO ESPIRITUAL E O ELEMENTO MATERIAL".
É a partir deste ponto, então, que vamos dar seqüência a algumas explicações científicas acadêmicas básicas sobre conceitos de modelos atomísticos para justificar a ação da Força sobre a matéria pura (átomo) formando ou criando moléculas, ou novas formas de vida que estão em constante criação/evolução seja no nosso Planeta, no nosso Sistema Solar, em nossa Galáxia ou mesmo em todo o Universo em expansão. Isto é, através dos mecanismos de interação entre Força e Matéria, tornando esta última VIVA.

3.2 - Breve discussão da evolução do modelo do átomo

Todas as informações básicas aqui descritas, bem como as figuras apresentadas na palestra sobre os conceitos e mecanismos clássicos de fusão ou compartilhamento de orbitais, formando novos orbitais, foram retirados do livro de Atomística Vol. 2, de Ricardo Feltre e Setsuo Yoshinaga , entre outros livros clássicos.
"Os filósofos gregos já tinham lançado, naquela época, a concepção de átomo como sendo constituinte universal da Matéria".
"Em 1808, o físico inglês Dalton deu um caráter científico à idéia do átomo, afirmando que matéria seria um aglomerado de átomos indivisíveis....".
"As renovações científicas sobre a teoria atômica ocorreram no século passado (20)".
"Foi o físico inglês Rutherford que apresentou "a nova face" para o átomo discordando da indivisibilidade do mesmo. Através de experiências com materiais radioativos, mostrou para a comunidade científica da época que o átomo, era constituído por um núcleo (carga positiva) e por uma nuvem giratória de elétrons (carga negativa), girando em órbitas circulares ao redor do núcleo".
Rutherford, baseado nos resultados experimentais, concluiu que o "tamanho do núcleo devia ser extremamente pequeno em relação ao tamanho do átomo" . Como exemplo ilustrativo do tamanho do átomo seria como colocar uma bola de tênis no centro do campo do Estádio do Maracanã, onde a bola de tênis seria o núcleo e o Estádio do Maracanã seria a dimensão da nuvem eletrônica.
Porém, este modelo do movimento circular do elétron em volta do núcleo, foi na época, contestado pela ciência, pois estava em contradição com a teoria clássica de Maxwell referente aos estudos já postulados do Eletromagnetismo.
O modelo da estrutura atômica de Rutherford é muito parecido, sem dúvida, com o nosso Sistema Planetário.
Posteriormente, outro físico, agora dinamarquês, Bohr, que devido a sua justificativa da teoria energética dos elétrons foi possível então à comunidade científica da época ACEITAR o modelo de Rutherford ficando conhecido como modelo atomístico de Rutherford-Bohr.
No final do século 20, a Ciência comprovou que o Modelo Rutherford-Bohr apresentava uma série de limitações científicas e que basicamente se aplicava a átomos com apenas um (1) elétron (hidrogênio, deutério e hélio ionizado), havendo necessidade de se adaptar novas grandezas quânticas.
Daí, então, que surgiu a evolução da teoria de Rutherford-Bohr pelo físico Sommerfeld admitindo a existência de órbitas elípticas (não circulares) e com diferentes excentricidades.
Em 1924, o físico francês Louis de Broglie sugeriu que o elétron também pudesse ser encarado como uma onda, dando-se início ao estudo atomístico em termos de mecânica ondulatória.
Em 1925, foi sugerido que o elétron pode ser considerado como uma carga esférica que gira em torno do seu eixo axial . Isto é o elétron é considerado como sendo um pequeno eletroímã, podendo ser paralelo ao movimento de rotação ou não.

3.3 - Introdução ao mecanismo de ação da Força sobre a Matéria pura

Bohr tinha afirmado em sua teoria que NEM TODAS AS LEIS QUE ERAM VÁLIDAS NA FÍSICA CLÁSSICA (resultantes de observações experimentais) DEVERIAM SER SEGUIDAS PELAS PARTÍCULAS CONSTITUINTES DO ÁTOMO. Esta afirmação TAMBÉM foi fundamental, sem dúvida, para que a comunidade científica pudesse então aceitar, na época, a proposta do modelo atômico de Rutherford-Bohr.
A existência da Força e sua ação ou interação sobre a matéria pura (átomo) formando ou criando, por exemplo, moléculas também, da mesma forma que Bohr, PODE SER ACEITA pela comunidade científica atual, Século 21, mesmo sabendo que este conceito não é resultante de observações científicas experimentais e, sim, de Ciência Espiritualista.
Sabe-se que hoje em dia a tendência da CIÊNCIA MATERIALISTA tende a caminhar em PARALELO com a CIÊNCIA ESPIRITUALISTA justamente para que a mesma possa encontrar respostas racionais para essas questões aqui abordadas tanto no micro como no macro, entendemos que é uma questão apenas de tempo.
A justificativa científica a seguir apresentada está baseada que a Força é uma PARTICULA DA INTELIGENCIA UNIVERSAL e habita no mesmo "espaço-tempo" dos átomos. Ela controla não só toda a estrutura do átomo que é matéria pura inerte, como também propicia a formação de novas moléculas buscando sempre o EQUILÍBRIO ENERGÉTICO final dos orbitais, de forma que quando uma molécula esteja assim realizada ou completa, esta é tão estável quanto um simples átomo (matéria pura inerte).
Desta forma, a Força é a responsável direta pelo mecanismo de formação ou criação de novos orbitais, entre as nuvens eletrônicas de átomos iguais ou diferentes, DEVIDO SIMPLESMENTE AOS MECANISMOS CLÁSSICOS DE FUSÃO OU COMPARTILHAMENTO DE ORBITAIS, formando evidentemente novos orbitais que podem ser compartilhados ou fundidos os quais, vão criar novas moléculas, óxidos, compostos químicos etc, e até novas modalidades de vida dentro principalmente do universo das novas moléculas assim criadas etc.
Este mecanismo de INTERAÇÃO ENTRE FORÇA E MATÉRIA ocorre entre os últimos níveis ou sub níveis dos orbitais pertencentes às nuvens eletrônicas características de cada átomo, que a ciência explica como sendo "afinidade", CRIANDO justamente NOVOS ORBITAIS MOLECULARES de altíssima estabilidade de VIBRAÇÃO atomística conferindo um enorme equilíbrio à molécula assim formada.
Estes novos modelos orbitais são perfeitamente explicáveis pela Ciência Atomística como, por exemplo, orbitais moleculares SIGMA, PI e outros.
Como exemplo da interação entre Força e Matéria, podemos citar uma enorme gama de moléculas importantes na nossa vida física: molécula de O2 (oxigênio), CO2 (gás carbônico) N2 (nitrogênio) e principalmente H2O (molécula de água) etc.
Os diversos minérios encontrados na crosta terrestre são, também, um exemplo excelente prático, da ação constante da Foraça sobre a Matéria Pura devido à ação do ar sobre a superfície da mesma.
Como o ar é composto de vários gases, entre eles nitrogênio e oxigênio, este último cerca de 21% da composição do mesmo é o principal agente físico da reação química entre o elemento metálico puro e a molécula de oxigênio, o qual como todos sabemos, por afinidade química promove as reações de oxidação dos elementos metálicos formando óxidos.
É desta forma que há muitos milhões de anos atrás, quando da formação do planeta , a matéria existente era pura e inerte na sua grande maioria a qual, a medida que a ação da Força iniciou a interação sobre a referida matéria, a nível atomístico, conforme descrito anteriormente, é que vem se gerando constantemente novas formas de vida e, por isto, o planeta está em constante transformação e evolução.
Este trabalho de transformação constante, lento e sem saltos é o resultado da ineração da Força sobre a Matéria. Este conceito pode ser perfeitamente EXPANDIDO para todo nosso Sistema Solar, nossa Galáxia e por conseguinte para todo o Universo. Isto é, O UNIVERSO, É VIDA, É TRANSFORMAÇÃO CONSTANTE.
Evidentemente que o tema é muito extenso e teríamos que escrever muitas e muitas páginas sobre o assunto. Porém, não é nossa intenção repetir textos e sim procurar explicações acadêmicas científicas que venham a somar com estudo científico do Racionalismo Cristão.
4 - Conclusão

Este simples e modesto trabalho conclui que o estudo da base científica do Racionalismo Cristão, Força e Matéria", estabelecida pelo nosso Fundador/Codificador Luiz José de Mattos em 1912, está perfeitamente assentado sobre a base de uma pirâmide de conceitos científicos de nossa época que corroboram, sem dúvida, o princípio científico do Racionalismo Cristão: "NO UNIVERSO SEJA ELE NO ESTADO INVISÍVEL (MICRO) OU VISÍVEL (MACRO), TUDO É COMPOSTO DE FORÇA E MATÉRIA".

(O autor é militante na Filial Vicente de Carvalho do Racionalismo Cristão, RJ.)

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