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Incerteza e decisão

Mori Mitre

A personalidade humana apresenta constantes mutações, estando aí um indício claro da evolução natural que todos experimentamos. Se no plano espiritual superior as decisões ocorrem de forma definitiva, por aqui os seres se batem entre dúvidas, erros, tentativas e acertos. A incerteza sempre nos leva à indecisão em momentos estratégicos, seja nos negócios ou mesmo nas relações pessoais. São poucos os que já conseguem estabelecer metas sempre pensadas e avaliadas em profundidade e a partir daí tomam decisões irrevogáveis em direção aos seus objetivos de qualquer ordem.

Fruto do meio, o homem se altera em pensamentos, reflexos e atitudes. O que agora parece certo, brevemente por vários estímulos, já não parece correto. O fato é que a incapacidade de decidir com acerto é uma faceta de nosso diamante mental a ser lapidado custe o que custar, sob pena de perdermos momentos e oportunidades que mais tarde acabamos por lamentar, já num estágio de frustração.

A psicologia clássica avalia que a ausência de decisões em tempo hábil para gerar resultados terá causas diversas, quase sempre na formação do caráter de cada um, a partir de suas relações com os pais que inconscientemente aplicam estímulos errados nestas mentes. É comum ouvirmos mães, pais e avós tecendo críticas quanto a certas atitudes infantis. Argumentos como "o bicho vai te pegar se você fizer isso", e outros tantos mecanismos de pressão, que acabam incutindo naquele inconsciente registros deformados quanto a deveres e direitos, certo e errado. Mais tarde, na madureza do indivíduo, essas programações determinarão comportamentos vários entre eles a tal indecisão. Assim, aqueles que buscam a melhoria de suas vidas a partir de um plano definido, onde metas são perseguidas incansavelmente, estes entendem que precisam buscar novos condicionamentos que lhes permitam, ainda que correndo riscos, sempre atuarem de forma objetiva, dando passos calculados, até lentamente, mas nunca retornando ou desistindo de seus propósitos que, definidos, autênticos, sempre terão do astral superior a anuência e estímulos positivos para seguirem em frente como partícipes de uma grande corrente geradora de progresso.

Na vida terrena, estaremos sempre entre o sim e o não, num interminável fio de navalha que poderá nos cortar tantos sonhos. Fará alguma diferença aquele que se dispuser a buscar suas metas equilibrando-se entre o pensar e o agir, fazer para ter, tentar e conseguir; uma mesa desarrumada, repleta de papéis que nunca são encontrados; um armário desordenado; uma agenda de trabalho que não recebe o ataque imediato para as ações, ou o grave hábito de protelar pequenas tarefas, são o reflexo claro de uma mente primária, inconstante e incapaz de atitudes que determinem progressos mínimos, mas que numa somatória ao longo do tempo acabam por estabelecer conclusões em forma de progresso.

Se todos buscássemos manter em nosso dia-a-dia aquele estado de equilíbrio experimentado após os momentos de uma irradiação, onde tudo nos parece natural e óbvio, certamente teríamos a energia suficiente para realizar sempre. E isso é possível, na medida em que fizermos o melhor a cada momento. Do mínimo esforço ao máximo desempenho, sempre com a agulha de nossa bússola mental indicando o norte de ações concretas que não podem esperar. Se o universo é incessante e nós somos parte dele, claro está que nossas dissonantes notas neste grande coral universal serão então ouvidas por outras forças que acabarão por arrebatar e destruir aqueles sonhos e desejos antes projetados.

Nos próximos momentos decida pelo menos uma coisa: que irá decidir sempre, apesar dos riscos, calculando e protegendo-se, mas saindo da fila e marchando ao som do seu próprio tambor.

Mori Mitre, janeiro de 2004

 

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