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Deus (Grande Foco)

Colaboração de José Maurício Kimus Dias

"Quero conhecer os pensamentos de Deus. O resto é detalhe. Albert Einstein".

Devemos respeitar a convicção de cada homem; contudo devemos crer que o Acaso, ou um incidente imprevisível possa produzir fenômenos e fatos tão inteligentes, como é a Vida no Universo, é realmente um acaso ilógico. O cientista inglês Edmorst, em sutil e irônico conceito, assim se expressa sobre a possibilidade do Acaso substituir Deus: "Se o Acaso ou simples acidente pode criar fatos inteligentes, então temos de admitir que, jogando uma bomba dentro de uma tipografia, dali pode surgir um dicionário completo, com conseqüência desse acidente, embora sem qualquer plano ou interferência do tipógrafo".

Enquanto a criatura ainda vibra num estado espiritual primário, ela não se encontra preparada para entender Deus e a sua manifestação universal. O espírito do homem precisa emancipar-se do instinto primitivo através do cultivo de valores espirituais adormecidos no seu próprio "eu", se quiser principiar a entender a natureza real do Criador! Além do homem superar a linhagem animal que lhe plasmou o organismo carnal na escala filogenética, e realizar-se como ser espiritual integral, ele, ainda, precisa adquirir o estado de espírito superior para se libertar definitivamente da matéria. E até que isto aconteça, só lhe resta uma atitude sensata e tranqüila; procurar compreender os desígnios divinos através do respeito e amor a todas as criaturas, manifestações palpáveis da Mente Criadora (Grande Foco)!

É evidente que o homem civilizado e esclarecido não duvida do evento científico de se iluminar uma cidade pela força disciplinada da energia elétrica; mas o selvagem, em sua mente infantil e supersticiosa, considera isso um mistério sagrado. O poeta extasia-se ante a forma e as cores de uma rosa, que lhe encanta os olhos; e desse modo ele transforma a beleza floral em nova beleza poética. O sábio, no silêncio do laboratório e sem a visão panorâmica da flor, também se deslumbra e se comove, talvez, mais do que o poeta, ao identificar a sabedoria oculta que combina os átomos em moléculas, moléculas em células, células em tecidos, tecidos em órgãos, compondo perfeição e harmonia na pesquisa de uma simples flor! Emociona-se o poeta pela beleza exterior da rosa e vibra o sábio pelo cientificismo que une e assegura a contextura íntima floral. Da mesma forma, a criatura, tanto quanto a sua experiência, sabedoria, sensibilidade e evolução, também há de ter uma visão ou concepção de Deus mais fantasiosa ou mais próxima da realidade, mas sem nunca atingir a solução que lhe ultrapassa a sua capacidade mental.

Não há duvida de que a idéia de Deus sempre evoluiu conforme o progresso, entendimento e a cultura humana. Aliás, é grande a diferença entre a concepção divina do Tupã dos selvagens e a crença na Suprema Inteligência Universal, que hoje é admitida pelos estudiosos do espiritualismo científico. Deus ou Grande Foco não é apenas uma idéia e fruto das necessidades psicológicas humanas, que evolui conforme o próprio homem. Em verdade, à medida que mais compreendemos a Vida, o nosso psiquismo também mais se apercebe da Verdade Universal! Não é apenas a luta para ser livre da matéria, que nos fará sentir Deus, mas é o binômio "sentir-saber", que realmente desvenda o panorama do Infinito, pois a liberdade sem sabedoria é poder sem direção.

A simples crença de o homem julgar-se no caminho da Verdade, pode até significar a negação dessa mesma verdade, pois simplesmente crer em Deus, esta Força Superior, não é propriamente achá-Lo! Obviamente, se a Verdade ou Realidade é desconhecida, tanto a crença como a descrença não proporcionam encontro autêntico com Deus. Comumente esta crença, não é uma auto-realização, mas apenas uma simples projeção do indivíduo no desconhecido. Como a crença traz no seu bojo uma recompensa extramaterial, milhões de criaturas têm na crença um motivo para viverem mais confiantes e esperançosas garantindo uma salvação, caso exista alguma coisa após a morte do corpo físico. Sem dúvida, trata-se de um mercado de redenção, em que os crentes investem algumas ações na expectativa dos dividendos da Divindade!

As igrejas católicas, os templos protestantes, os centros espíritas, os terreiros de umbanda, as lojas teosóficas, os centros esotéricos e os cultos em diversas outras instituições espíritas ficam repletas de crentes, fiéis, discípulos ou associados, que ali cultuam certos postulados simpáticos e afins a uma idéia específica de Deus! No entanto, as criaturas condicionadas a essa crença sistemática e estandardizada não modificam o seu eu inferior, nem incorporam os valores incomuns do EU superior! Provavelmente, ignoram que isto é conquista individual através do estudo, pela abnegação, serviço ao próximo, e, sobretudo, ação independente de qualquer interesse egotista.

Evidentemente, se os atributos essenciais da Energia Superior (Deus) constituem-se numa Verdade, a qual sintetiza o Amor, a Sabedoria e Equilíbrio infinito, o homem deve ativar em si mesmo tais princípios a fim de lograr mais proximidade com esta Energia Superior! Pouco adianta o homem crer nesta Força Criadora, caso ele não desenvolva em si mesmo os atributos espirituais superiores, os quais possui latentes no âmago do seu espírito. A crença puramente intelectual e especulativa torna-se um atributo dispensável, caso não modifique a maneira de agir e sentir. O centro psíquico que sublima e sensibiliza o ser, embora seja o intelecto que planeja através do poder mental, é a afetividade que vitaliza o crescimento divino através do Amor.


Pesquisa e adaptação de trecho do livro de Hercílio Mães, "A luz do cosmo", Ed. Freitas Bastos, 2a ed., 1983; 
colaboração de José Maurício Kimus Dias, 22/4/2002

 

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