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Pão e circo

Julio César do Nascimento

Buscar sermos hoje melhor do que fomos ontem é uma aspiração digna de todo ser humano. Porém, nessa busca, é comum darmos de encontro com a questão: desenvolver qualidades ou eliminar defeitos?

As qualidades, se e quando afloradas, são dons inerentes à partícula da inteligência universal, que não se furta às oportunidades oferecidas pelo ego para manifestar a sua natureza equilibrada e dirigida para o bem. Cabe-nos a cada momento buscar, então, através do raciocínio, manter-nos confiantes e serenos, perante as vicissitudes próprias da existência no mundo terra, para que as intuições de nossa partícula original e das forças superiores possam fazer vibrar, na inteligência manifesta na matéria, pensamentos que se transformarão em ações capazes de conduzir a nossa existência para o seu desiderato original evolutivo. Eliminar defeitos é, portanto, resultante do esforço de dar vazão às qualidades e não da indigente ação de tentar abafá-los. Defeitos são, em si, expressão da vontade ainda pouco educada para o bem.

A vida, na sua programação de fatos e encontros com nossas limitações de entendimento, põe a prova constantemente nossa determinação para vencer e a capacidade de manter sintonia com o Astral Superior. Este exercício do livre arbítrio para o bem é, em última instância, o fiel da balança que faz saber se estamos caminhando para elevar a nossa existência rumo a espiritualidade ou estamos, como autômatos, a repetir os erros do passado, razão da reprogramação de inúmeras reencarnações.

É de suspeitar todas as fórmulas milagrosas e imediatas de transformação do ser humano, porque proclamar virtudes e fugir do erro por uma conduta estereotipada e repleta de negações do raciocínio não conduz ninguém à real compreensão das razões que o conduzem para o mal e qual a verdadeira disciplina para evitá-lo. Não será o repetir de rezas e cânticos que trará a compreensão de que o pensamento irradiado com o desejo sincero de evoluir e de fazer evoluir o seu semelhante é a real e inconteste necessidade que tem a partícula da inteligência para cumprir o seu programa, o verdadeiro pão que alimenta o espírito na sua caminhada. Não se afastam as trevas da ignorância senão com as luzes da vigilante irradiação positiva dos bons pensamentos.

Ações e palavras quando não resultam da vontade e raciocínio, põem o ser humano no mesmo nível dos animais amestrados que se apresentam nos espetáculos circenses. Estes encantam e tiram aplausos da platéia, e para eles tudo isto é natural numa demonstração do grau evolutivo que atingiram e da habilidade humana de tratar os seus impulsos de forma a torná-los submissos à vontade do seu mentor. Porém, para nós providos da capacidade de raciocínio, deixá-lo à parte para ceder o modo de pensar e viver a outrem, emprestando o nosso corpo e mente a realizar a vontade de terceiros, é rejeitar a ferramenta capaz de construir a libertação do espírito do ciclo encarnatório e da possibilidade de servir à humanidade.

Pedir a outro ser, ou divindade imaginada, que faça o que é de nosso dever é desconhecer ou negar o poder irradiado pela partícula da inteligência universal que nos anima, é não confiar na abundância do bem e na sua supremacia final sobre o mal.

Buscar a cada momento as virtudes é, pois, mais importante do que tentar abafar os erros, que perdem espaço na nossa existência, até tornarem-se insignificantes perante a prática do bem.

Julio César do Nascimento 
Agosto de 2001

 

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