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O autoconhecimento

José Maurício Kimus Dias

Durante o nosso caminhar pela vida, aprendemos a viver com os mais variados sentimentos existentes à nossa disposição. Aprendemos a odiar e a gostar das coisas. Aprendemos a desejar e a repelir infinitas ações. A cada passo, os diversos sentimentos vão se modificando em nosso ser. Para uns, o orgulho, a vaidade, o ódio etc. são como necessidades do bel prazer. Para outros, a humildade, o respeito e o amor são nutrientes necessários à vida.

Na realidade, tudo caminha para o aperfeiçoamento do ser, substituindo os sentimentos negativos pelos mais nobres, isto é que nos ensina o Racionalismo Cristão. No entanto, existem muitos que detestam e odeiam, não gostam e não suportam, são indiferentes e intolerantes. Em contrapartida, outros gostam e desejam, amam e doam e, se pararmos para pensar, todas pessoas, apesar da sua classe espiritual, são iguais relativamente, pois, partimos da mesma origem e vamos transformando na senda da evolução nossos sentimentos e atitudes através da luta pessoal, passo a passo, um a um, derramando lágrimas e sorrindo em momentos felizes.

O amor, portanto, parece ser a etapa final da felicidade eterna. Não se pode sentir o pleno amor sem antes burilar todos conhecimentos e sentimentos existentes nas esferas inferiores do próprio ser humano, quando de seu verdadeiro nascimento, ou seja, quando da sua criação. O conhecimento é muito importante, mas o amor é algo sublime, pois, pela união entre saber e sentir é que se consegue dedicação, humildade, compreensão, trabalho no caminho do bem e da fraternidade e juntamente, não menos importante, a inexistência de todos os sentimentos negativos.

O amor entre duas pessoas não é diferente daquele individual e coletivo. A única ressalva é a convivência existente no momento. E quanto maior for à capacidade de amar de cada um, maior será à força de união entre elas. União gerada pelo próprio amor mútuo, transformando na felicidade maior e no desejo cada vez maior de prolongar e eternizar no tempo. Esse estágio, porém, não se faz de um dia para o outro. É uma longa e árdua caminhada. Mas ela existe, independente se a desejamos ou não, pois as leis que regem o Universo são naturais e imutáveis e a elas tudo está sujeito, como diz na irradiação.

O amor entre dois é como uma orquestra com dezenas de instrumentos, cada qual tendo um papel importante na execução da música. Não há dois instrumentos tocados igualmente, pois há diferenças nos sentimentos de cada músico que passa para a sua melodia. A música bela e sublime deve ser ouvida em toda a plenitude de cada instrumento afinado e tocado por cada músico com amor, conforme o sentimento perfeito do compositor. Um único instrumento desafinado é capaz de não gerar a harmonia da beleza total, que somente poderá ser notado por aqueles que já estão no estado superior para poder sentir a presença de um único instrumento desafinado. Outros não notam nem mesmo a presença de alguns instrumentos desafinados e quanto maior for a quantidade desses instrumentos, maior será a desarmonia da melodia.

Assim, o amor verdadeiro entre duas pessoas surge com a harmonia dos sentimentos puros entre elas. Isso colocado diante da eternidade, o amor pleno não resulta apenas entre dois, e sim, entre muitos, dependendo da convivência infinita, pois sempre viveremos em comunidade. Essa analogia não é ainda suficiente, pois a matéria influi em nossa verdadeira compreensão. Mas precisamos afinar todos os nossos instrumentos, ou seja, todos os nossos sentimentos. E são muitos. E para afinar cada um deles, é preciso conhecer e aprender tudo sobre eles e ir afinando-os um a um, passo a passo, e a cada um bem sucedido, o amor vai sendo sentido e ecoado, gerando mais felicidade ao Espírito, até que a felicidade plena e eterna seja alcançada. É na busca desse nosso autoconhecimento à luz do razão que o Racionalismo Cristão contribui, para seguirmos da melhor forma possível nessa jornada aqui neste planeta-escola, criando a verdadeira fraternidade universal dentro das leis espirituais e universal.

José Maurício Kimus Dias, Teresópolis, RJ. 28 de maio de 2003

 

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